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​Enfermeiros defendem maternidades exclusivamente para grávidas Covid-19

15 abr, 2020 - 16:48 • André Rodrigues

Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e enfermeira do bloco de partos de Santa Maria da Feira, considera que o país tem condições para avançar com essa medida que, segundo diz, defende as mulheres e reduz o risco de propagação da doença na comunidade.

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Portugal “já devia dispor de uma rede maternidades Covid e não Covid”, porque “tem condições para o fazer, é tudo uma questão de coragem política”, defende Lúcia Leite, dirigente do Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e funcionária do bloco de partos do Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, um dos mais envolvidos na luta contra a pandemia que se manifesta de forma particularmente expressiva na zona norte do distrito de Aveiro.

Em declarações à Renascença, esta enfermeira especialista dá o exemplo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, “que tem duas maternidades e teve a facilidade de tomar essa decisão internamente”.

Mas, para que tal aconteça, “é necessária uma decisão do Ministério da Saúde e uma resposta organizada das Administrações Regionais de Saúde que devem definir, muito claramente, quais as maternidades que recebem grávidas Covid e as que continuarão a receber grávidas sem sintomas ou suspeitas da doença”, sublinha.

Atualmente, o protocolo seguido nos blocos de partos prevê a despistagem de todas as grávidas, independentemente de serem ou não positivas para coronavírus.

Lúcia Leite lamenta que a demora até que se conheçam os resultados obrigue muitas mulheres a permanecerem em isolamento, desnecessariamente.

“Temos, muitas vezes, mulheres isoladas, separadas do seu recém-nascido e da família e, também, com uma presença menos frequente dos profissionais de saúde, porque estão a aguardar o resultado do teste. Muitas vezes, isso demora mais de 24 horas, o que cria situações desnecessárias e muito desagradáveis nesta experiência de maternidade, que deveria ser exatamente o contrário daquilo que está a acontecer”, considera esta especialista.

Além disso, Lúcia Leite alerta que a presença simultânea de grávidas Covid e não Covid num bloco de partos “representa um risco para as mulheres não portadoras”, mas também para a comunidade em geral, uma vez que, no limite, são os próprios profissionais de saúde que podem tornar-se o principal vetor de transmissão da doença.

“Para nós, profissionais, é muito complexo, porque, como não temos essa separação fácil de zonas Covid e não Covid, passamos a vida a equipar e desequipar com material de proteção, aumentamos o risco de propagar a doença para outras pessoas", conclui Lúcia Leite.

O bloco de partos do Hospital São Sebastião, serve uma área de influência com mais de 500 mil utentes de Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, no norte do distrito de Aveiro, uma das zonas com maior número de infeções por Covid-19.

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