07 abr, 2020 - 14:13 • Dina Soares
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“Este vírus é muito inteligente”, afirmava, há uma semana, a diretora-geral da Saúde. Graça Freitas não estava a elogiar o intelecto do vírus, mas a sua capacidade de se propagar com grande facilidade e rapidez. Os vírus não são inteligentes, aliás, a comunidade científica ainda não conseguiu sequer pôr-se de acordo sobre se o vírus é um ser vivo, ou um meramente um agente infecioso. Seja o que for, os vírus são tão antigos como a própria vida e, juntamente com as bactérias, são os verdadeiros donos do mundo.
Já em meados do século XVI, o médico italiano Girolamo Fracastoro avançava com a teoria de que as doenças epidémicas seriam causadas por seres semelhantes a sementes, capazes de transmitir infeções. Fracostoro nunca chegou a ver as ditas “sementes”, mas Anton van Leeuwenhoek, comerciante de tecidos e cientista holandês, construiu um microscópio capaz de ampliar a imagem cerca de mil vezes, tornando-se a primeira pessoa a observar e descrever os micróbios.
Seria, no entanto, preciso esperar cerca de 300 anos para que Louis Pasteur avançasse com a teoria microbiana das doenças. Segundo o cientista francês, as doenças eram causadas e propagavam-se através de uma forma de vida ainda mais diminuta do que os micróbios já conhecidos, que se multiplicava no organismo de um ser vivo, que depois o passava a outro, e por aí fora.
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Pasteur percebeu isso quando investigava a raiva, mas não viu o agente infecioso, pequeno demais até para a observação ao microscópio. Na verdade, só em 1931, com a invenção do microscópio eletrónico, é que o vírus foi visto pela primeira vez.
Martinus Beijerinck, um químico holandês, foi o padrinho destes seres. Chamou-lhes vírus, que em latim significa veneno, para os distinguir das criaturas microscópicas de natureza bacteriana.
Os vírus são seres submicroscópicos, com um diâmetro que varia, normalmente, entre 20 e 300 nanómetros (nm), uma unidade de medida que equivale a um bilionésimo de um metro.
Os vírus são estruturas muito simples, que dependem de células para se multiplicarem. No entanto, quando invadem uma célula, assumem os comandos e transformam-na numa fábrica de novos vírus.
Em poucas horas, um único vírus pode multiplicar-se em milhares de novos vírus capazes de infetar seres vivos de todos os domínios. Tanto os seres humanos, como os animais e as plantas podem ser afetados por vírus.
O primeiro vírus humano a ser descoberto foi o vírus da febre amarela, em 1901. Em 1937 já tinha sido inventada uma vacina para o combater. Aliás, 50 anos antes, já Pasteur tinha inventado a vacina contra a raiva.
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Outra vacina que veio mudar o mundo foi a vacina contra a poliomielite, inventada pelo norte-americano Jonas Salk, e que começou a ser usada em 1955.
A segunda metade do século XX foi a idade de ouro da descoberta de vírus. Foram reconhecidas mais de duas mil novas espécies. Em 1963, foi identificado o vírus da hepatite B e em 1983, a equipe de Luc Montagnier do Instituto Pasteur, isolou pela primeira vez o retrovírus que hoje conhecemos por VIH.
Entre as principais viroses humanas estão a gripe, a hepatite, a papeira, o sarampo, a varicela, a SIDA, a meningite, a pneumonia, o herpes, o dengue, e muitas outras doenças.
O tratamento das infeções virais é limitado, ou seja, há poucos tratamentos, e destinam-se sobretudo a tratar os sintomas como a febre ou as dores.
Descanso, hidratação e analgésicos, são as alternativas mais comuns. Existem algumas substâncias antivirais, utilizadas no tratamento específico de determinados vírus. No campo da prevenção, as vacinas são soluções médicas bastante eficazes.