"Não temos cartões de residência renovados. Precisamos deles. Já os renovámos no IRN (Instituto de Registos e Notariado), mas demora tempo demais a aprová-lo e a fazerem-no chegar à AIMA. A lei indica não deve demorar mais do que 60 dias. Porque é que estou à espera há mais de oito meses?", questiona Abikumar Sherma, porta-voz do grupo de cerca de 200 pessoas, que esta quinta-feira está em protesto junto à Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA), entidade que surgiu depois da extinção do SEF.

Abikumar Sherma garante que antes da AIMA "as coisas funcionavam melhor".

O objetivo da manifestação é marcar a indignação por não haver reagrupamento familiar para adultos sem filhos e crianças com menos de cinco anos, além de não conseguirem contato com a AIMA, seja por telefone ou e-mail.

Há imigrantes que, por exemplo, não puderam assistir a funerais de familiares nos seus países de origem e que estão com contratos de trabalho em risco de não ser renovado, devido à falta de título de residência válido.

No meio da multidão, um casal, com uma criança de nove meses ao colo. Estão há mais de dois anos em Portugal. A mãe, Bushral Rahquib, natural do Bangladesh onde era professora de inglês, explica que os pais queriam ver a filha, que tem nacionalidade portuguesa. Mas como ela e o marido não têm cartão de residência renovado, não podem sair do pais.

"Há sete meses que esperamos pela renovação do cartão de residência. Dizem-nos que a mudança do SEF para a AIMA implicou mudanças e novos comportamentos, mas não nos explicam porque estão a demorar tanto tempo. Referem apenas que o processo está em análise", diz, enquanto coloca a chucha na boca da filha.

O pai, Imdiash Piuislam, formado em Economia, lembra a dificuldade que é conseguir um trabalho ou uma casa sem autorização de residência. Para tudo nos pedem autorização de residência, mas não a temos".

Contactada pela Renascença, a AIMA escusou-se a comentar o protesto e os argumentos para o mesmo.

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