01 abr, 2020 - 18:41 • Rui Viegas
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João Pinto, hoquista luso-angolano do Lodi, avisa Portugal através de Bola Branca. O avançado, de 33 anos, que chegou esta época ao campeonato italiano de hóquei em patins, vive dias de confinamento máximo na região daquele país mais afetada pelo novo coronavírus. À distância, observa, porém, algumas "atitudes" dos portugueses que lhe desagradam. Por isso, lança (mais) um alerta. É preciso "respeito" e evitar sair de casa.
"Foi onde tudo começou na Europa, a zona onde eu estou. Agora foi renovada a quarentena até 18 abril. Primeiro começou aqui e depois é que se alargou ao resto de Itália... E ficamos surpreendidos quando vemos algumas atitudes em Portugal, com carros em direção à praia ou gente a caminhar porque está sol. Aqui percebemos um pouco tarde [a gravidade da situação], a sociedade italiana, e pagou-se muito caro por isso. A mensagem é mesmo esta: fiquem em casa! Um dia a mais em casa é um dia a menos que o vírus nos ganha. Espero que estas mensagens não entrem por um ouvido e saiam por outro. Quando vejo algumas imagens de Portugal fico um bocado triste... as pessoas têm de respeitar ao máximo", diz em Bola Branca João Pinto, antes de descrever o seu dia-a-dia actual. E a salvo da Covid-19.
"Estou bem de saúde, mas faço somente vida de casa. Em casa faço trabalho físico - de força ou alongamentos -, para manter a forma, para manter os mínimos... O campeonato aqui é impossível que recomece, embora esperemos por uma novidade", admite.
João Pinto estende ainda a sua perspetiva do que pode suceder, também, ao futebol. Em particular à "Serie A". Na opinião do antigo hoquista do Sporting, dificilmente a bola voltará a rolar na Liga italiana. Até porque psicologicamente não há condições.
"Na zona onde estou, onde centenas e centenas de pessoas perderam a vida, não faz sentido festejar um golo ou uma vitória. O futebol não é possível que recomece, pois, a situação é dramática, é muito dura. O futebol tem outros interesses, mas não acredito que recomece [a Liga italiana], considera João Pinto, antes de elogiar o trabalho de Bola Branca, em tempo de quarentena.
Trata-se de uma "companhia" para quem se encontra à distância, como é o caso. E o caso dos desportistas lusos espalhados pelo mundo.
"Fazem-nos companhia. A mim, ao meu pai, à minha família. A Bola Branca... ouço sempre, ouço sempre (sorriso)", conclui João Pinto.