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Reportagem

Há dor e silêncio em Ovar. ​“A minha avó morreu e só queremos que nos digam de quê”

31 mar, 2020 - 16:50 • Ana Rodrigues

Nesta hora de dor e luto para toda a família, Alexandre fala do “aumento visível do número de mortes de idosos no concelho sem diagnóstico da Covid-19”.

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Alexandre Sousa mora em Ovar. O concelho está cercado desde o dia 17 de março. Ninguém entra nem sai e as forças de segurança não arredam pé. “Estamos todos aqui entregues à nossa sorte”, lamenta o empresário que acaba de perder a avó.

Nesta hora de dor e luto para toda a família, Alexandre fala do “aumento visível do número de mortes de idosos no concelho sem diagnóstico da Covid-19”.

“Tenho amigos e conhecidos a passar pelo mesmo. Os nossos familiares mais velhos estão a morrer. As agências funerárias confirmam isso mesmo. Morrem o dobro e não lhes fazem testes de diagnóstico da Covid-19”, acrescenta este habitante de Ovar.

Alexandre Sousa garante que a “população está a cumprir as medidas de confinamento. As ruas estão desertas. As lojas estão fechadas. Há um silêncio. Uma dor.”

São João e Ovar são as duas freguesias com maior número de infetados e onde os funerais de idosos aumentaram para o dobro.

O medo e a incerteza pairam no concelho e os habitantes falam em sensação de abandono.

Abandono, diz Alexandre, “pelas autoridades de saúde nacionais, de quem governa e se esquece de quem está aqui cercado. Longe de tudo e sem acesso aos cuidados de saúde que são tão necessários nesta altura”.

É o que sente este homem, fechado em casa com a família mais próxima já lá vão três semanas. Mas o mais difícil, refere, “é não poder fazer o luto e o funeral junto de quem sofre. De toda a família”.

O concelho de Ovar está cercado desde 17 de março e assim vai continuar pelo menos até ao dia 2 de abril sendo provável que a medida vai ser prolongada.

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