26 mar, 2020
Durante alguns meses andámos TODOS a torcer pelo sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, também porque, antes, tínhamos a convicção de que o técnico português se iria meter na boca lobo. A imprensa brasileira não é fácil e, por hábito, os seus comentadores arrasam todos quantos não cabem nos seus gostos.
Porque tem qualidade, nunca desmentida, aliás, Jorge Jesus elevou o Flamengo a patamares inimagináveis: a conquista do Brasileirão, da Libertadores e a presença na final do Mundial de Clubes fizeram disparar a sua cotação, e convencer os críticos brasileiros que assim deixaram de ter argumentos para o combater.
Até os treinadores daquele país, sempre tão renitentes em aceitar as vitórias alheias, tiveram que se render perante evidências que se tornaram irrebatíveis: os resultados e a qualidade do seu trabalho foram capazes de contribuir para um tempo novo, que passou a dar esperança a todo o país irmão amante do futebol.
A juntar a tudo isso, Jorge Jesus foi também capaz de se adaptar a uma linguagem diferente daquela que entre nós teve sempre alguma dificuldade em encontrar, estabelecendo um grau de relacionamento com os média que muito o ajudou na escalada vitoriosa alcançada.
Forçado, por razões justificadas e bem aceites, Jorge Jesus regressou numa destas manhãs a solo pátrio. E, no aeroporto tinha, com toda a lógica, a imprensa à sua espera. E então, o que aconteceu? Declarações simpáticas, no mesmo jeito daquelas que tem feito no Brasil, e sorrisos desbragados para os profissionais da imprensa que (ainda) conhece bem?
Nada disso. Incomodado e contrariado com tais rececionistas, o técnico português disparou pedindo que o largassem, juntando voto que “haviam de apanhar o vírus”.
E assim ficou à vista o dois-em-um que Jorge Jesus abriga, ou seja, o “brasileiro” não é, fatalmente, o mesmo que o “português”. Por isso, dizemos em título que “o nosso mister está de volta”.
O seu sósia ficou para lá da lonjura do Atlântico.
Bem-vindo, mister!...