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Coronavírus. É possível evitar mais de 900 hospitalizações com o triplo dos testes

24 mar, 2020 - 18:34 • André Rodrigues

É a estimativa de um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) que antecipa, ainda, uma poupança superior a quatro milhões de euros para o SNS.

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"Quanto mais testes forem realizados, mais fácil será evitar hospitalizações desnecessárias". Esta é a ideia defendida na Renascença por Bernardo Sousa-Pinto, um dos autores do estudo conjunto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do CINTESIS, que defende um reforço urgente da capacidade instalada para testar novos casos de COVID-19.

No documento, publicado esta terça-feira, os especialistas defendem a realização de três mil testes por milhão de habitantes, o triplo da capacidade atual.

"Não estamos à espera que, com o triplo dos testes, continuemos a ter 17% de resultados positivos, como temos agora, o número vai ser menor", sublinha Bernardo Sousa-Pinto.

Triplicar a capacidade de testes para a COVID-19, "com uma frequência de resultados positivos da ordem dos 7,5%, evitaríamos uma estimativa superior a 900 hospitalizações e mais de quatro milhões de euros em custos de hospitalização para o SNS".

Números que, de acordo com este investigador, "assentam numa perspetiva conservadora, uma vez que, não conhecendo os custos reais de uma hospitalização por COVID-19, conhecemos os custos da hospitalização por pneumonia e acabámos por basear-nos nesse dado".

"Dados da DGS pecam por defeito, mas não por falta de transparência"

Já quanto ao número de casos de infeção em Portugal, Bernardo Sousa-Pinto admite que os dados da Direção-Geral da Saúde não revelam a real dimensão da crise.

Para este especialista, não se trata de falta de transparência por parte da autoridade de saúde.

Bernardo Sousa-Pinto diz que tem tudo a ver com as características do próprio vírus.

A grande dúvida da comunidade científica, nesta altura, é perceber "quantas pessoas não estão identificadas, ou porque são assintomáticas, ou porque os sintomas são ligeiros".

"Acredita-se, por isso, que o número de verdadeiros casos de infeção seja bastante superior ao que é reportado".

Para Bernardo Sousa-Pinto, "tal não significa que haja dados escondidos, aquilo que sabemos corresponde àquilo que é testado. Se alargássemos os critérios e a capacidade de testar, o número de casos positivos seria, quase de certeza, superior".

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