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​Crise ecológica. Patriarca ortodoxo sublinha o papel das religiões da denúncia de casos de exploração

15 mai, 2024 - 14:11 • Ana Catarina André , José Pedro Frazão

Na abertura do Fórum Kaiciid, Bartolomeu I afirmou que “não vemos a Terra como sagrada” e que “as comunidades religiosas devem descobrir novas formas de trabalharem juntas”. Já Matteo Renzi, antigo primeiro-ministro italiano considerou que “devemos dar a mesma atenção ao diálogo que dedicamos à geopolítica”

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O Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla defende que “não pode haver razão ou desculpa para a atual indiferença e inação” perante a atual crise ecológica. Na sessão de abertura do Forum Kaiicid, um encontro entre líderes religiosos, políticos e representantes da sociedade civil de todo o mundo, que decorre até quinta-feira, em Lisboa, o líder espiritual dos ortodoxos sublinhou o papel das religiões na denúncia de casos de exploração e na promoção do bem.

“Hoje, estamos todos bem cientes das ligações inseparáveis entre a crise ecológica e os problemas globais da pobreza, migrações e conflitos. Como é que, enquanto líderes religiosos, podemos não procurar o bem-estar dos habitantes da Terra? Como é que podemos não trazer à luz a exploração criada pelas indústrias e empresas, muitas vezes com a permissão ou tolerância dos políticos e dos estados?”, questionou. E garantiu: “Este é certamente uma parte fundamental do nosso papel enquanto representantes religiosos”.

Na sua intervenção, Bartolomeu I sublinhou a atual exploração do planeta. “Não vemos a Terra como sagrada”, concluiu, alertando ainda para o papel das comunidades religiosas, que “devem descobrir novas formas de trabalhar em conjunto”.

A sessão de abertura contou também com a presença do antigo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que defendeu a necessidade do diálogo e uma aposta na cultura que considera “o primeiro assunto da política”.

Na sua intervenção, o antigo autarca de Florença – que descreve como o cargo mais honroso que desempenhou – reconheceu que o mundo vive “tempos dramáticos” onde assuntos como as armas nucleares estão de regresso à atualidade internacional.

“Devemos dar a mesma atenção ao diálogo que dedicamos à geopolítica”, afirmou Renzi, ao apelar ao incremento do debate entre pessoas com diferentes pontos de vista da sociedade civil e das regiões.” O diálogo é a alma da Humanidade”, afirmou Renzi.

Já Francois Hollande, antigo presidente francês, enviou uma mensagem vídeo onde defendeu que o mundo precisa “reganhar a confiança na paz”. O antigo chefe de estado francês defendeu um diálogo alargado entre grandes religiões e lideranças políticas, lembrando a convergência de todas as “forças positivas” na cimeira de Paris - onde foi alcançado o último grande tratado climático, em 2015.

“O antagonismo supera hoje o princípio da concórdia”, advertiu Hollande, que apelou aos líderes políticos e religiosos que, perante a guerra, especialmente em Gaza, não fiquem “fechados em posições dogmáticas”.

Além do Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla, de Matteo Renzi e de Francois Hollande, a abertura do Fórum Kaiciid contou ainda com a presença de Salih bin Abdullah al-Humaid, Imam da Grande Mesquita de Mecca, de Michael Schudrich, rabi-chefe da Polónia, de Graça Machel, antiga primeira-dama de Moçambique, de Augusto Santos Silva, ex-Presidente da Assembleia da República, e de Carlos Moedas, presidente da câmara de Lisboa.

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