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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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Opinião de João Ferreira do Amaral

​Recapacitar o Estado

27 fev, 2020 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Deixámos deteriorar de forma impensável o nosso aparelho de Estado, privatizámos por meia dúzia de patacos empresas essenciais para o nosso viver colectivo, deixámos de ter decisão nacional sobre a maior parte do sistema bancário e por aí fora.

Que o mundo está em mudança é uma verdade fácil de constatar hoje como em qualquer outra época histórica. O que nem sempre é fácil é determinar o que, dentro do nosso campo de acção, devemos fazer para lidar com essa mudança.

Um dos aspectos mais importantes da mudança actual, com expressão política, mas com raízes económicas e sociais muito profundas, é o do esvaziamento, parcial mas significativo, da cooperação multilateral entre os estados da comunidade internacional, transformação que não poupa sequer o espaço europeu.

Como se pode facilmente imaginar, esta mudança tem especial importância para um país como o nosso, de pequena dimensão e que se habituou – muito por culpa das nossa elites políticas - a interiorizar que a CEE e depois a União Europeia iriam ser, para sempre e em todos os domínios, muletas benévolas, desta forma nos dispensando de definir e prosseguir objectivos estratégicos de interesse fulcral para o nosso país.

Foi assim que deixámos deteriorar de forma impensável o nosso aparelho de Estado (Forças Armadas, Justiça, Saúde, e Administração Pública em geral), que privatizámos por meia dúzia de patacos empresas essenciais para o nosso viver colectivo, que deixámos de ter decisão nacional sobre a maior parte do sistema bancário e por aí fora. A História não irá ser benévola para quem teve a responsabilidade das acções ou omissões que levaram a esta situação.

No contexto actual, há ainda quem não tenha percebido ou não queira perceber o que significa a mudança que acima mencionámos. Mas para todos aqueles que estão atentos e que se preocupam com a forma como poderemos lidar com este novo mundo que vai emergindo, uma necessidade imediata surge: recapacitar rapidamente e com determinação o nosso aparelho de Estado, resistindo com firmeza aos habituais amuos da Comissão Europeia.

Mesmo que isso implique não termos excedente nas contas públicas…

Comentários
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  • António Silva
    28 fev, 2020 16:19
    Tarde piaste, como diz o povo…..De resto, este no geral não parece ter percebido o que aconteceu. E se percebeu, convive bem com a desgraça
  • Cidadao
    27 fev, 2020 Lisboa 15:06
    Não há, por cá, to**tes para isso