27 fev, 2020
Que o mundo está em mudança é uma verdade fácil de constatar hoje como em qualquer outra época histórica. O que nem sempre é fácil é determinar o que, dentro do nosso campo de acção, devemos fazer para lidar com essa mudança.
Um dos aspectos mais importantes da mudança actual, com expressão política, mas com raízes económicas e sociais muito profundas, é o do esvaziamento, parcial mas significativo, da cooperação multilateral entre os estados da comunidade internacional, transformação que não poupa sequer o espaço europeu.
Como se pode facilmente imaginar, esta mudança tem especial importância para um país como o nosso, de pequena dimensão e que se habituou – muito por culpa das nossa elites políticas - a interiorizar que a CEE e depois a União Europeia iriam ser, para sempre e em todos os domínios, muletas benévolas, desta forma nos dispensando de definir e prosseguir objectivos estratégicos de interesse fulcral para o nosso país.
Foi assim que deixámos deteriorar de forma impensável o nosso aparelho de Estado (Forças Armadas, Justiça, Saúde, e Administração Pública em geral), que privatizámos por meia dúzia de patacos empresas essenciais para o nosso viver colectivo, que deixámos de ter decisão nacional sobre a maior parte do sistema bancário e por aí fora. A História não irá ser benévola para quem teve a responsabilidade das acções ou omissões que levaram a esta situação.
No contexto actual, há ainda quem não tenha percebido ou não queira perceber o que significa a mudança que acima mencionámos. Mas para todos aqueles que estão atentos e que se preocupam com a forma como poderemos lidar com este novo mundo que vai emergindo, uma necessidade imediata surge: recapacitar rapidamente e com determinação o nosso aparelho de Estado, resistindo com firmeza aos habituais amuos da Comissão Europeia.
Mesmo que isso implique não termos excedente nas contas públicas…