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EUA. Governante avisa que 5G com a Huawei pode "afectar cooperação" com Portugal

18 fev, 2020 - 21:14 • José Pedro Frazão

O Secretário de Estado adjunto do Departamento de Estado para a Comunicaçao Cibernética está em Lisboa para demover o Governo de avançar com a quinta geração de telecomunicações com base na tecnologia da chinesa Huawei. Washington teme acesso do Partido Comunista Chinês a informações sensíveis e infraestruturas críticas.

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Não é uma ameaça, asseguram os norte-americanos, mas o aviso é claro. " Não queremos nenhuma diminuição do nível de cooperação que temos em diversas áreas [entre EUA e Portugal]. Mas o uso de equipamentos Huawei em 5G pode significar que isso afecta a nossa capacidade de esforços cooperativos", afirma o Secretário de Estado Adjunto do Departamento de Estado para a Comunicação Cibernética e Internacional e para a Política de Tecnologia de Informação.

Robert Strayer iniciou esta terça-feira uma série de reuniões em Lisboa com operadores e fornecedores de telecomunicações, para além do regulador ANACOM e de membros do Governo e Parlamento. Nos últimos dois meses, o tema foi levantado na capital portuguesa pelos Secretários de Estado e da Energia da Administração Trump.

"Temos que proteger informação confidencial. Teremos que reavaliar como interagimos com redes comprometidas com a tecnologia 5G da China e do Partido Comunista Chinês. Isso pode alterar a forma como fazemos negócios, no plano do Governo e do sector privado. Mas não sei ainda o que é que isso vai significar", disse Strayer num encontro com jornalistas na residência do Embaixador dos EUA em Lisboa.

O governante considera que uma rede 5G fornecida pela chinesa Huawei põe em causa a segurança da Europa e dos Estados Unidos, pois trata-se de "um fornecedor que pode executar acções que não são do interesse dos cidadãos do país onde essa tecnologia está a ser implantada". Strayer alega que a legislação chinesa obriga todas as companhias a seguirem determinados protocolos de segurança que, no caso da Huawei, pode pôr em causa as actualizações tecnológicas da rede feitas pela empresa.

"Isso vai permitir o acesso do Partido Comunista Chinês a comunicações, o poder de perturbar a infraestrutura crítica baseada nessas redes. Não há forma de mitigar qualquer risco neste aspecto, excepto utilizar fornecedores confiáveis de países democráticos", complementa o governante.

Ressalvando que Portugal tem direito a uma decisão de um país soberano que os EUA respeitam, Strayer deixa o recado. "Os governos têm que defender o seu interesse de segurança nacional ao ponto de não subcontratar isto a operadores de telecomunicações. É uma decisão de segurança nacional, de disrupção de infraestruturas críticas, em que o custo vai recair totalmente sobre o público e a própria nação. Encorajamos os governos a reflectir sobre os mandatos que estão a dar aos operadores de telecomunicações", insiste o Secretário de Estado adjunto de Mike Pompeo para a Cibersegurança.

O Governo português anunciou recentemente uma estratégia e um calendário para a implementação da quinta geração de comunicações móveis, com início já este ano e até 2025, incluindo um leilão de frequências que começará em Abril.

Qual é a pressa ?

A Adminsitração Trump considera que não há pressa em implementar o 5G, mesmo em áreas mais desenvolvidas como os veículos autónomos e a telemedicina, argumentando que toda a nova tecnologia terá ainda que ser aprovada em organismos internacionais antes de ser disseminada.

O governante norte-americano encarregue da pasta da Cibersegurança defende a construção de um "ecossistema de companhias ocidentais que partilham os mesmos valores no que diz respeito ao uso dos dados, privacidade, exercício da liberdade na internet, como não acontece na China".

Strayer insiste no papel de empresas como a Nokia, Ericsson ou Samsung nesse domínio e revela que a Administração Trump está em contacto com o sector privado norte-americano para desenvolver uma plataforma comum num formato de "arquitectura aberta" a ser partilhado por esse "ecossistema ocidental"

Robert Strayer alega ainda que a Huawei esteve empenhada em actividades de vigilância de manifestantes e oposionistas no Irão e dentro da própria China, sublinhando que a opção pela Huawei, por este motivo, é também desaconselhável à luz dos Direitos Humanos.

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  • António dos Santos
    19 fev, 2020 Coimbra 02:00
    Quem são os americanos para dar ordens a Portugal? Não podemos esquecer que os americanos, são os maiores criminosos do mundo. Portugal tem de deixar de baixar-se aos EUA.

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