10 fev, 2020 - 11:30 • Luís Aresta com Redação
O ex-árbitro Paulo Pereira considera que o pedido do Benfica, para que todos os seus jogos e do FC Porto sejam dirigidos por árbitros estrangeiros internacionais, até ao final da presente temporada, não só é inviável, como está mais apoiado num desejo dos encarnados de marcar posição na luta pelo título do campeonato que em factos concretos.
"Eu acho que esse tipo de discurso é mais um discurso de competição que propriamente de factos, porque erros existem. Se olharmos para os campeonatos dos países vizinhos, vemos também erros todas as semanas, porque a arbitragem pressupõe sempre erro. Aquilo que iria acontecer era vir outro árbitro fazer o mesmo tipo de trabalho que fazem os portugueses, porque no estrangeiro não se vêem jornadas em que não haja erros e não haja contestação", aponta o videoárbitro Bola Branca.
Paulo Pereira assume que o regulamento da Liga permite protocolos com federações estrangeiras. Além disso, "com uma época preparada para assim acontecer, fará algum sentido, porque todos ganhariam com uma troca de experiências e o conhecimento de outras realidades".
Porém, uma mudança assim a meio da época teria consequências negativas para a imagem internacional da Liga portuguesa. "Acredito que a Liga perderia imenso prestígio, a nível internacional, se desse a 'parte fraca' e, a meio de uma época, permitisse que árbitros estrangeiros viessem a Portugal fazer aquilo que a Liga e a arbitragem portuguesa não conseguiram preparar para os seus campeonatos", avisa.
Mesmo que a medida fosse aceite, o comentador de arbitragem da Renascença chama a atenção para "uma pequena nuance" que impede que a alteração seja feita a meio da época e de forma arbitrária:
"As federações que disponibilizariam estes árbitros teriam de fazer um intercâmbio em condições de paridade. Isto quer dizer que teria de haver árbitros portugueses a arbitrar num determinado campeonato, para árbitros desse campeonato virem arbitrar a Portugal. Isto é uma situação que deveria estar acautelado logo no início da época. Não se poderá à peça solicitar a intervenção de árbitros estrangeiros na Liga portuguesa."