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Tecnologia

​"O telemóvel é como se fosse o nosso guarda-costas"

08 jan, 2020 - 17:08 • Manuela Pires

O segundo dia do Winter School, na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, arrancou com uma conferência sobre como é que os telemóveis mudam a nossa vida e reconfiguram o espaço público. Investigadora Carla Ganito destaca a dependência cada vez maior dos dispositivos móveis e alerta para o fenómeno de "tecnostress".

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Como é que os telemóveis mudaram a nossa vida? Usamos as tecnologias para antecipar a experiência do futuro? Estas foram as perguntas lançadas por Carla Ganito, professora da Universidade Católica Portuguesa na conferência que abriu o segundo dia do Winter School for Study for Communication.

A investigadora começou por dizer que, hoje, o telemóvel é quase uma extensão do nosso corpo, que nos dá segurança.

“É como se fosse o nosso guarda-costas, uma espécie de repositório de uma rede de conforto e apoio porque pode acontecer-nos qualquer coisa ou alguém pode precisar de falar connosco.”

“E há mais. O telemóvel permite também gerir a ansiedade porque temos tendência para usar esta tecnologia de forma a antecipar a experiência do futuro, porque o pior inimigo dos nossos dias é a incerteza”, afirma a catedrática.

Por exemplo, quando saímos de casa para fazer o percurso para o trabalho ou para a escola, “nós vamos às aplicações que temos no telemóvel para ver como está o trânsito, nós sabemos o caminho e sabemos que vamos apanhar trânsito, mas preferimos antecipar essa situação, porque a nossa ansiedade diminui”, conclui Carla Ganito.

Outra ideia deixada nesta palestra pela professora da UCP está relacionada com a reconfiguração do espaço público, “porque podemos dizer que estamos num sítio e isso não é verdade”.

Outra questão é a ilusão de que estamos sempre a fazer qualquer coisa, estamos sempre a produzir. “Alguns autores falam já nesse ponto, a aceleração do tempo tem produzido uma saturação, o tecnostress”, sublinha.

Ora se o telemóvel é uma tecnologia de pré-mediação, que nos permite antecipar a experiência do futuro, isso também acontece com os políticos.

Carla Ganito explica que “as pessoas não gostam de ser surpreendidas, querem ter o controlo da situação”. E por isso, conclui a professora da UCP, os políticos usam as redes sociais para preparar o terreno para um anúncio de uma medida importante porque as pessoas querem estar preparadas para essa novidade.

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