Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Bastonário da Ordem contra ideia de obrigar jovens médicos a ficar no SNS

07 dez, 2019 - 19:51 • Lusa

Miguel Guimarães defende que obrigatoriedade é anti-democrática e que estes profissionais de saúde nada devem ao Estado.

A+ / A-

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirmou, este sábado, que é contra a ideia de obrigar jovens médicos a ficar no Serviço Nacional de Saúde, frisando que estes profissionais nada devem ao Estado.


A ideia de que o Governo "quereria obrigar médicos jovens especialistas a ficar no Serviço Nacional de Saúde tem várias contradições", notou o bastonário, que falava durante uma cerimónia do Juramento de Hipócrates, em Coimbra, para uma plateia de novos médicos.

"Primeiro, num Estado democrático, não se pode obrigar as pessoas a ficar num determinado sítio. Isso é possível nos estados autocráticos, mas não numa democracia. Segundo, os médicos, durante a sua formação especializada, nada devem ao Estado, bem pelo contrário", frisou, com a plateia a aplaudir o discurso.

Miguel Guimarães realçou que os médicos, durante a sua formação especializada, "têm um salário muito baixo, praticamente igual ao do enfermeiro, mas com responsabilidade superior".


Durante o discurso, o bastonário sugeriu à ministra da Saúde, Marta Temido, que seguisse os conselhos da obra "Principezinho", de Antoine de Saint-Exupéry, que dizia "se queres um amigo, cativa".

O bastonário referiu que tem "a certeza" de que, caso sejam dadas condições aos médicos para trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS), "a grande maioria ficará" no sistema público.

Em resposta, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, também presente na cerimónia, afirmou que o mesmo livro de Antoine de Saint-Exupéry dizia "que cativar também é criar laços".

"É isso que faço aqui hoje: criar laços", assegurou.

Apesar de considerar que "há muito a fazer em matéria de saúde", hoje há "mais profissionais no SNS e mais médicos no SNS".

No entanto, é preciso "ir mais longe", referiu, assumindo a vontade do Governo de "criar projetos de carreira e alimentar o sentimento de dedicação e pertença de uma verdadeira adesão ao Serviço Nacional de Saúde e à causa pública".

"O SNS precisa de vocês para se modernizar, para se consolidar e para se adaptar aos desafios do futuro", referiu, assegurando ainda que o executivo está a trabalhar "para que todos possam ter acesso à especialidade".
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José Joaquim Cruz Pinto
    08 dez, 2019 Ílhavo 04:34
    E acrescento: custo INTEGRAL, mais algumas MAIS-VALIAS, obviamente.
  • José Joaquim Cruz Pinto
    08 dez, 2019 Ílhavo 04:21
    Para não ficarem a dever mesmo nada ao Estado, por que não então deixarem de pagar as propinas que pagam, e pedirem um empréstimo bancário que cobrisse o custo INTEGRAL da sua formação. NADA teriam então que devolver ao Estado, como é evidente, nem em serviço nem em espécie, ficando apenas a dever ao(s) banco(s) o empréstimo mais os juros? Será esse o negócio que propõem?
  • José Joaquim Cruz Pinto
    08 dez, 2019 Ílhavo 04:07
    NADA DEVEM ??!!! Acaso pagaram a formação do seu bolso?

Destaques V+