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“Olhem os Caretos”. A homenagem dos Quinta do Bill aos caretos de Podence

06 dez, 2019 - 10:34 • Olímpia Mairos

Os icónicos caretos estão a um passo de serem Património da Humanidade.

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“Olhem os Caretos a chocalhar (…)

Saltar, soltar, trajar

É o nosso nordeste a falar

Traquinar, perturbar, assustar, a brincar

São rapazes capazes de nos afrontar

Tradição que nos conta que o medo se vence

Mistério de Podence."

Assim cantam os Quinta do Bill a tradição dos caretos de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros. A canção, que surge a poucos dias de os caretos se poderem tornar Património Imaterial da Humanidade, quer ser um hino e um tributo aos mascarados de Podence.

“Apaixonado por tudo o que seja música tradicional”, o vocalista dos Quinta do Bill, Carlos Moisés, conta que ao elaborar a canção, para ser cantada e dançada, teve a preocupação de “mostrar a realidade da música tradicional de Trás-os-Montes, para sensibilizar as pessoas para a realidade dos Caretos, e que respeitasse as tradições culturais”.

A “ideia da música partiu de um convite feito pelo António Carneiro [presidente da Casa do Careto], aquando de um concerto que fizemos em Macedo de Cavaleiros, e onde tive oportunidade de conhecer a Casa do Careto em Podence e vestir um fato de careto, até que chegamos ao dia de hoje, dia do lançamento da música”.

A Inspiração para a música “partiu das tradições do carnaval, do entrudo chocalheiro”, mas o desafio não foi fácil, porque Carlos Moisés quis “respeitar a tradição do entrudo chocalheiro, a música tradicional portuguesa e, ao mesmo tempo, respeitar a musicalidade dos Quinta do Bill, introduzindo alguns ingredientes da música de Trás-os-Montes, como a gaita de foles, a caixa e o bombo”.

O vocalista dos Quinta do Bill revela que primeiro começou “por fazer a música e só depois juntou a letra da autoria de Sebastião Antunes, numa simbiose que permite hoje mostrar ao mundo esta canção” que, espera, “se possa transformar num hino aos Caretos de Podence”.

Tradição perde-se no tempo

Há quem diga que remonta à época pré-romana e encerra as festividades de inverno no Nordeste Transmontano.

O careto incarna uma personagem diabólica. Os homens que podem correr e saltar vestem fatos de caretos, feitos de lã, em tons de amarelo, verde e vermelho, e juntam-se em grupos por tudo que é sítio. São os caretos.

Irrompem frenéticos pelo meio do povo, com ruidosos chocalhos presos à cintura. Apoiados em pau de madeira de freixo ou castanheiro, que lhes serve de apoio quando saltam, não dão sossego a ninguém. Afastam os homens e chocalham as mulheres.

O chocalhar consiste numa dança em que o careto agarra a mulher e abana a anca, batendo nesta com os chocalhos que traz à cintura.

Carlos Moisés “ficaria muito feliz, se os Caretos de Podence conseguissem concretizar este desejo, da elevação a Património da Humanidade”, e associa o contributo da banda “ao esforço” coletivo para alcançar este objetivo.

Com mais de 30 anos de carreira e um conjunto de canções únicas, os Quinta do Bill são a maior banda folk rock portuguesa. Os oito álbuns de originais editados provam a diversidade de uma obra que mistura a emoção das baladas com a energia contagiante da folk e do rock.

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