29 nov, 2019
Recentemente, o presidente francês, Macron, opôs-se ao início de negociações da UE com a Albânia e a Macedónia do Norte com vista a uma futura adesão. Macron argumentou que o processo de adesão à UE tem falhas, as quais terão, antes, de ser superadas.
Esta posição suscitou uma onda de críticas. Jean-Claude Juncker, na altura ainda presidente da Comissão Europeia, considerou-a “um erro histórico”. Há dias, seis países - Áustria, Eslováquia, Eslovénia, Itália, Polónia e República Checa - concordaram com as críticas de Macron ao processo de adesão, mas rejeitaram adiar as negociações com a Albânia e a Macedónia do Norte. A Finlândia, que neste semestre preside à UE, tomou posição semelhante.
Qual é o risco de adiar aquelas negociações? É levar os países em causa a virarem-se para a Rússia ou a China. E aumenta o perigo de haver entre países da zona balcânica novos conflitos. Aliás, foi basicamente por motivos geoestratégicos que se deu o grande alargamento de 2004, quando aderiram à UE oito países da antiga órbita soviética e ainda Chipre e Malta. A adesão mais recente foi da Croácia (2013).
O alargamento a países ex-soviéticos obedeceu a uma prioridade estratégica – afastá-los e protegê-los da Rússia. Portugal percebeu-o bem e por isso apoiou esse alargamento, embora nos tornasse mais periféricos no contexto comunitário e aumentasse a concorrência de economias de mão-de-obra barata.
A perspetiva de entrar na UE leva os países candidatos a fazerem reformas, por vezes radicais. Pena é que, depois de entrarem, alguns (Hungria, Polónia, etc.) tomem medidas pouco democráticas, como subordinar a justiça ao poder político e atacar o jornalismo livre. Se a UE vai rever o processo de adesão, conviria que também olhasse com determinação para esses casos. A Comissão Juncker deu passos nesse sentido. A nova Comissão deve dar-lhes continuidade. Mas muito dependerá do Conselho.