Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Segurança pública

21 nov, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O dinheiro que polícias e guardas ganham, assim como os meios materiais de que dispõem, não correspondem à relevância social e à perigosidade que é garantir a segurança pública. É uma injustiça que deveria ser reparada na medida do possível.

Entre janeiro e setembro deste ano, na região de Lisboa foram agredidos 238 polícias. A propósito, o superintendente-chefe daquela zona lembrou, com razão, que os polícias são a face visível da autoridade do Estado. Não é coisa pouca, mas devemos ainda acrescentar que os profissionais da PSP e da GNR são pilares essenciais da segurança pública.

Hoje, a PSP e a GNR realizam uma manifestação conjunta em frente à Assembleia da República. Oxalá corra bem, sem exaltações nem violência. Não foi o que aconteceu há seis anos, numa manifestação conjunta das duas forças de segurança.

A PSP, bem como a GNR, legalmente não podem fazer greves, o que é compreensível, mas limita a capacidade reivindicativa dos seus agentes. Claro que há muitos outros servidores do Estado que se queixam de baixas remunerações e de más condições de trabalho. Não há dinheiro para satisfazer toda a gente, como bem se compreende. Mas parece-me que a PSP e a GNR não têm sido tratadas com justiça.

Primeiro, porque o próprio Governo tem reconhecido muitas das reivindicações de guardas e polícias. Só que, concordando com elas (pelo menos em larga medida), os governantes não têm dado o passo seguinte – responder com medidas concretas às questões levantadas.

Depois, mas ainda mais importante, o serviço que estes profissionais do Estado prestam a todos nós, cidadãos, é inestimável: eles zelam pela nossa segurança. E nessa ação colocam em risco a própria segurança, a deles.

Ora o dinheiro que polícias e guardas ganham, assim como os meios materiais de que dispõem – digamos, as suas condições de trabalho - não correspondem, creio, à relevância social e à perigosidade que é garantir a segurança pública. É uma injustiça que deveria ser reparada na medida do possível.

Não é saudável para ninguém o clima de frustração em que, segundo se diz, vivem hoje muitos profissionais da segurança pública. Nem se justifica que tal situação não tenha, ainda, recebido resposta efetiva do Governo nem haja sido convenientemente apreciada na Assembleia da República. Daí a manifestação de hoje.

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