11 nov, 2019 - 20:38 • Redação
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O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou esta segunda-feira que a demissão do Presidente da Bolívia, Evo Morales, significa a preservação da democracia naquele país e envia uma mensagem para os “regimes ilegítimos” da Venezuela e da Nicarágua.
“A demissão do Presidente boliviano, Evo Morales, é um momento significativo para a democracia no hemisfério ocidental”, disse Trump em comunicado oficial.
“Estes eventos enviam um forte sinal aos regimes ilegítimos da Venezuela e da Nicarágua de que a democracia e a vontade do povo prevalecem sempre”, afirma o chefe de Estado norte-americano.
Também esta segunda-feira, os Estados Unidos aconselharam a assembleia legislativa da Bolívia a reunir-se “o mais cedo possível” para, formalmente, aceitar a demissão de Morales e iniciar uma transição liderada por civis.
Um alto funcionário do Departamento de Estado norte-americano afirmou que Washington não considera a saída de Morales um golpe de Estado, como o próprio Morales e o Governo mexicano alegam.
Segundo o funcionário, a demissão foi o resultado dos protestos do povo boliviano que “se fartou de ver as vontades dos eleitores ignoradas pelo Governo”.
Evo Morales anunciou a demissão este domingo, horas depois de convocar novas eleições, e depois de ter recebido um ultimato das Forças Armadas, que se seguiu a três semanas de protestos e confrontos nas ruas.
Evo Morales assegurou que as novas eleições se realizarão com um órgão eleitoral renovado, face às denúncias de fraude na primeira volta, e que haverá “novos atores políticos”, sem adiantar datas.
O chefe de Estado boliviano afirmou também que concordou em revogar todos os membros do Supremo Tribunal Eleitoral, que a oposição e os comités civis acusam de fraude eleitoral na vitória que concedeu a Morales um quarto mandato consecutivo, até 2025.
O Presidente da Bolívia acrescentou que tomou a decisão para “diminuir toda a tensão” e “pacificar a Bolívia”.
Os confrontos entre apoiantes e opositores do Presidente da Bolívia desde o dia seguinte às eleições causaram, pelo menos, três mortos e 384 feridos, segundo dados da Provedoria da Bolívia.
A Bolívia tem atravessado uma crise desde as eleições de 20 de outubro, após as quais o corpo eleitoral deu a vitória ao presidente Evo Morales, pelo quarto mandato consecutivo até 2025, mas a oposição e os comités civis têm alegado fraudes, exigindo a renúncia de Morales e novas eleições.
A Venezuela e Cuba já condenaram esta decisão, que equiparam a um golpe de Estado.
A resignação de Morales pôs fim ao regime socialista que dominou o país durante 14 anos consecutivos. Foi o primeiro presidente indígena da Bolívia, fazendo parte de uma onda de esquerdistas que dominou a política da América Latina no início do século.