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"Mentes fechadas” e "inveja". Jorge Jesus responde aos críticos e cita Camões

18 nov, 2019 - 00:33 • Redação

Treinador português do Flamengo lamenta "agressividade verbal" de alguns comentadores e treinadores brasileiros contra si. "Não vim tirar o lugar a ninguém, não vim ensinar ninguém", atirou.

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Jorge Jesus respondeu aos críticos após a vitória deste domingo do Flamengo sobre o Grémio de Porto Alegre, por 1-0, que deixou a equipa carioca muito perto da conquista do título.

“Eu vim para o Brasil porque sou um treinador como eles. Vim trabalhar dentro de uma metodologia de jogo que apresentei aos meus jogadores do Flamengo, não vim tirar o lugar a ninguém, não vim ensinar ninguém. Não sou melhor nem pior do que nenhum treinador do Brasil”, começou por referir o treinador português.

Na conferência de imprensa de rescaldo da partida, Jorge Jesus desabafou que não está no Brasil para “tirar o lugar a ninguém, denegrir ou demonstrar que os treinadores brasileiros têm mais ou menos valor”.

Jorge Jesus lembrou os vários técnicos brasileiros que já passaram pelo futebol português – com destaque para Luiz Felipe Scolari - e a forma como os portugueses tentaram aprender com eles.

“Também queria lembrar os meus colegas do Brasil que em Portugal já trabalhou um brasileiro, que se chama Scolari, um grande treinador, na seleção portuguesa, acarinhado por todos os treinadores portugueses”, declarou.

Jesus deu o exemplo de outros técnicos brasileiros, como Paulo Autuori ou Abel Braga, que passaram pelo campeonato português e deixaram ensinamentos.

“Estes treinadores trabalharam todos em Portugal e nós, treinadores portugueses, quando eles estiveram lá, tentámos aprender, tirar qualquer coisa positiva e nunca houve esta agressividade verbal, constantemente, que os treinadores do Brasil têm sobre mim e, praticamente, daqueles que estão aposentados, em casa, com luvas e a tremer.”

Visto com desconfiança e criticado por alguns comentadores e treinadores desde que chegou ao Brasil, Jorge Jesus não entende “estas mentes fechadas” e espera que olhem para si “como um colega de profissão, independentemente de ser português, argentino ou brasileiro”.

“[As críticas] Não me incomodam, quero é que eles cresçam e tenham pensamento positivo. Perceber o que é a globalização. A globalização ainda não chegou ao Brasil? Já chegou. Eu estou cá e sou exemplo disso. Não se fechem e, de uma vez por todas, tirem estes fantasmas da cabeça porque o Brasil tem grandes treinadores”, frisou Jorge Jesus.

O técnico português aproveitou outra pergunta de um jornalista sobre gostos literários para citar Camões, que termina "Os Lusíadas" com a palavra "inveja".

"Quanto aos grandes escritores da língua portuguesa, falou em Saramago e Pessoa. Qualquer português já leu livros deles. E há outro, Camões, que é histórico e que me fez aprender algumas coisas. E no último parágrafo de um livro dele ["Os Lusíadas"] ele escreveu a palavra inveja. E porque falo nisto? Porque é um problema que muitas vezes acontece, como agora está a acontecer", concluiu Jorge Jesus.

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