13 out, 2019 - 20:35 • Redação com agências
O Exército sírio vai enviar soldados para o nordeste do país, com o objetivo de travar a ofensiva da Turquia contra os curdos que já fez mais de duas centenas de mortos e mais de 120 mil deslocados.
A notícia foi avançada este domingo pela liderança curda, citada pela agência Reuters, após um acordo com o governo de Bashar al-Assad, que foi mediado pela Rússia.
As forças do regime de Damasco vão apoiar as Forças Democráticas da Síria, lideradas pelos curdos, aliados do Ocidente na luta contra o autoproclamado Estado Islâmico.
As tropas governamentais sírias vão ser destacadas para a zona da fronteira, nomeadamente para duas cidades que estão na mira da Turquia: Kobani e Manbij.
A liderança curda espera que seja suficiente para travar "esta agressão e libertar as áreas em que o exército turco e os seus mercenários entraram".
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A notícia é conhecida no dia em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ordenou a saída imediata das tropas norte-americanas na região, por razões de segurança, e anunciou a aplicação de "sanções severas" contra a Turquia.
"Estou a negociar com o senador Republicano Lindsey Graham e outros membros do Congresso, incluindo Democratas, para a imposição de sanções severas à Turquia. O (Departamento do) Tesouro está preparado", escreveu hoje Donald Trump na sua conta pessoal da rede social Twitter.
Os Estados Unidos já tinham retirado no início da semana o contingente no nordeste da Síria, abrindo a porta para a operação militar da Turquia, que considera as forças curdas grupos terroristas.
Macron pede fim da ofensiva da Turquia
O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse este domingo aos seus homólogos da Turquia,Tayyip Erdogan, e dos Estados Unidos, em conversas telefónicas, que a ofensiva turca tem que parar imediatamente e pode provocar uma crise humanitária.
"Temos o desejo comum que esta ofensiva termine. Esta ofensiva arrisca criar uma situação humanitária insustentável e ajudar ao ressurgimento do Estado Islâmico", declarou Macron ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel.
Familiares do Estado Islâmico em fuga
Centenas de familiares de terroristas do autoplocamado Estado Islâmico fugiram de um campo no nordeste da Síria, na sequência da operação da Turquia contra as forças curdas.
Os detidos aproveitaram os combates na região para atacar os portões do campo de Ain Issa e colocaram-se em fuga, avança fonte oficial curda citada pela BBC.
As autoridades curdas dizem que cerca de 800 familiares de jihadistas conseguiram escapar, mas um grupo que acompanha a situação na região fala numa centena.
A operação militar da Turquia já provocou mais de 200 mortos desde quarta-feira no nordeste da Síria, incluindo 52 civis.
O conflito ameaça provocar uma crise humanitária na região. De acordo com a ONU, mais de 130 mil pessoas fugiram das suas casas devido aos combates.