13 out, 2019 - 11:01 • Lusa
O Governo do Equador e o movimento indígena dão, este domingo, início ao diálogo, após 11 dias de protestos contra as medidas de austeridade económica do Executivo, anunciou a ONU e a Conferência Episcopal.
A ONU e a Igreja Católica "informam que, após contactos com o Governo e organizações do movimento indígena, a primeira reunião foi convocada para o dia 13 de outubro [hoje], em Quito, às 15:00 (21:00 em Lisboa)", lê-se num comunicado conjunto publicado no Twitter.
Ao fim de quase duas semanas de protestos que se espalharam pelo país, provocando diversos motins, o movimento indígena aceitou, no sábado, sentar-se à mesa com o Presidente, depois de várias recusas.
Já este domingo, o Papa Francisco disse acompanhar, com todos os membros do Sínodo especial para a Amazónia, a situação no Equador e renovou "o apelo para se empenharem com sinceridade no caminho do diálogo".
"Sigo com preocupação o que está a acontecer nas últimas semanas nesse país. Confio-o à oração comum e à intercessão dos novos santos, unindo-me à dor pelos mortos e os feridos”, declarou.
Moreno eliminou um subsídio do preço dos combustíveis, no dia 2 de outubro, elevando a variedade mais popular de gasolina para preços recorde, o que provocou de forma rápida operações de especulação comercial e a subida de preços de diversos produtos essenciais.
A subida do preço dos combustíveis foi uma das exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), como contrapartida do resgate financeiro ao país que se viu profundamente endividado após uma década de elevados défices e de queda do preço do petróleo, uma das principais fontes de receita económica do Equador.
No sábado, a Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) indicou que aceitou negociar com Lenin Moreno, num comunicado onde referiu que a mudança de posição ocorreu após “um processo de consultas às comunidades, organizações, povos, nacionalidades e organizações sociais".
No pacote de exigências que levarão até ao Presidente poderá constar a demissão da ministra do Interior, Maria Paula Romo, e do ministro da Defesa, Oswaldo Jarrín, que têm defendido posições duras de repressão sobre os manifestantes, que já provocaram a morte de um líder indígena e quatro outras pessoas, para além de 850 feridos e centenas de detenções.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos denuncia "situações de violência e repressão alarmantes" no Equador
Em comunicado, a CIDH apelou ao "diálogo e ao respeito pelos direitos humanos" e exortou o Estado "a não colocar em risco a vida de crianças, mulheres e idosos indígenas".
Cinco civis, incluindo um dirigente indígena, foram mortos pela polícia desde o início dos protestos, de acordo com os serviços do Defensor do Povo, um organismo estatal que também mencionou 554 feridos e 929 detenções.
A Comissão "condenou fortemente" o disparo de uma arma de fogo no sábado contra um manifestante e exigiu uma investigação.
Por outro lado, condenou os ataques perpetrados por manifestantes contra as sedes da cadeia de televisão Teleamazonas e do jornal El Comercio, apelando ao respeito pelo papel da imprensa.