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Hospital de Braga

Novo tratamento devolve autonomia a doente com Parkinson. “Dancei até às três da manhã”

16 mai, 2024 - 14:09 • Isabel Pacheco

O tratamento já é uma opção noutros países. Em Portugal o hospital de Braga é o primeiro a recorrer a este método e Conceição Pereira a primeira paciente com Parkinson a usufruir da inovação.

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Há nove anos que Conceição Pereira foi diagnosticada com Parkinson. Hoje, com 61 anos e com a doença em estado avançado, voltou a sorrir e a dançar.

A sexagenária é a primeira paciente do Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga a experimentar um novo tratamento da doença e garante que os dias ficaram “muito melhores”.

“Já caminho, já ando bem, faço tudo. Já sorrio”, conta Conceição que diz ter uma vida mais autónoma desde que começou o novo tratamento.

“Precisava de ajuda do meu marido para a ir à casa de banho e tomar banho. E agora não preciso de nada disso”, conta com o olhar cúmplice para o companheiro João Gomes, momentos antes de mais uma consulta.

“Na semana que comecei a fazer este tratamento fui a um casamento e dancei até às três da manhã”, atira Conceição orgulhosa que, acrescemta, diz já ter começado a “treinar a escrita”.

Em causa está uma nova forma de administração da medicação, a Duodopa, através de perfusão subcutânea continua. Uma espécie de cateter doseador da medicação que permite aos pacientes abandonarem a terapêutica oral.

“Está aqui o aparelhinho. Olhe, eu digo que é a minha menina”. “A gente põe um casaquinho, põe uma blusinha e já está”, brinca Conceição que garante que o doseador não a incomoda.

“Eu só de olhar para a mesa do pequeno-almoço e ver tanta coisa para tomar, já estava com vómitos ultimamente. Já não conseguia”, assume.

A inovação do tratamento não está na medicação, a Duodopa que já existe no mercado, mas na forma de administração.

A neurologista do ULS de Braga Margarida Rodrigues explica que o “novo meio de administração permite que haja uma estabilidade dos níveis do medicamento no sangue mais equilibrada” e que, desta forma, se consiga “manter o benefício motor ao doente todo o dia”.

A responsável adianta que através do dispositivo, semelhante a uma bomba, o medicamento é distribuído de forma continua o que evita “picos de dose” e “oscilações do nível do medicamento no sangue que podem causar variações no estado do doente”, resume.

O tratamento já é uma opção noutros países. Em Portugal o hospital de Braga é o primeiro a recorrer a este método.

A ideia, explica a neurologista, é avançar com “um novo doente a cada mês”.

“Hoje vamos começar um segundo doente”, adianta Margarida Rodrigues que lembra que este é um tratamento “reservado para doentes em estado avançado de Parkinson ou que não respondem bem à terapêutica oral”.

Em Portugal estima-se que haja 20 mil pessoas diagnosticadas com Parkinson. 600 são acompanhados pelos Hospital de Braga.

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