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Guerra comercial

EUA impõem tarifas punitivas à UE. Queijo, iogurte e cerejas portuguesas atingidos

03 out, 2019 - 01:08 • Redação com Lusa

O Governo norte-americano tenciona impor tarifas adicionais de 10% a aeronaves dos países da União Europeia e 25% sobre "outros produtos".

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Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira que vão impor tarifas punitivas a produtos da União Europeia, incluindo aeronaves, a partir de 18 de outubro, medida que surge após uma decisão favorável da Organização Mundial de Comércio (OMC).

O Governo norte-americano tenciona impor tarifas adicionais de 10% a aeronaves dos países da União Europeia e 25% sobre "outros produtos", disse um funcionário dos Serviços de Representação Comercial dos EUA.

A Organização Mundial de Comércio (OMC) autorizou esta quarta-feira os EUA a impor tarifas de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da União Europeia (UE) à aviação.

O Gabinete do Representante Comércio dos EUA divulgou uma lista com centenas de produtos europeus que vão ser submetidos à taxa punitiva de 25%.

Desta lista fazem parte alguns produtos oriundos de Portugal, como queijo, iogurtes, cerejas, pêssegos, derivados de porco e mexilhões.

Também vão ser penalizados a 25% o vinho francês, whisky escocês single-malt, queijo italiano ou café alemão. De fora estão, para já, vinho, massa e azeite italianos.

Na sequência desta decisão a Comissão Europeia disse esperar que os Estados Unidos não imponham tarifas "contraproducentes" a produtos europeus, garantindo que responderá à altura.

Em causa está a disputa de quase 15 anos entre a UE e os Estados Unidos relativa aos apoios públicos às respetivas fabricantes aeronáuticas, Airbus (francesa) e Boeing (norte-americana).

Para a OMC, o valor agora determinado é "proporcional ao grau e à natureza dos efeitos adversos determinados entre o período de referência de 2011-2013", ou seja, dos apoios europeus dados à Airbus nesta altura.

A OMC tem sido palco de uma disputa, há vários anos, entre a Boeing e a Airbus, devido às subvenções e ajudas concedidas, respetivamente pelos Estados Unidos e pela UE, à sua indústria aeronáutica.

No final de março deste ano, a OMC concluiu que os Estados Unidos violaram regras comerciais com apoios ilegais à fabricante Boeing, prejudicando a Airbus, decisão que deu "vitória final" à UE numa disputa com 15 anos.

Na altura, a OMC considerou ilegal o apoio dos Estados Unidos à Boeing, violando uma decisão imposta em 2012 pelo regulador dos diferendos comerciais, a qual o país disse que iria respeitar.

Em reação a essa decisão, Washington ameaçou impor aumentos nas tarifas de produtos europeus, incluindo à Airbus, uma retaliação à ajuda pública europeia recebida pelo fabricante europeu.

Esta retaliação da administração norte-americana foi agora autorizada pela OMC, sendo a maior de sempre permitida por aquela entidade.

Sediada em Genebra, na Suíça, a OMC tem como função mediar as relações comerciais da quase totalidade dos países do mundo.

[notícia atualizada às 02h35]

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