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Caso de lusodescendente que morreu afogado continua a agitar França

11 set, 2019 - 12:09 • Lusa

Steve Maia Caniço desapareceu em junho após uma intervenção policial numa festa num cais, em Nantes. O jovem não sabia nadar e morreu afogado.

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O telemóvel do lusodescendente Steve Maia Caniço, que morreu afogado numa queda no rio Loire após uma intervenção policial numa festa, terá continuado a funcionar depois da hora divulgada pela polícia, noticia hoje a imprensa francesa.

Segundo a edição desta quarta-feira do jornal francês "Canard Enchaîné", o telemóvel de Steve Maia Caniço estava ainda ativo às 4h33, uma hora depois de as autoridades terem dito, no fim de julho, que encontraram atividade no telefone.

Steve Maia Caniço desapareceu na madrugada de 22 de junho após uma intervenção policial numa festa num cais, em Nantes, no âmbito da Festa da Música, uma data celebrada a nível nacional com diferentes eventos em toda a França. Cinco semanas depois, o corpo do jovem de 24 anos foi encontrado no rio Loire. Steve Maia Caniço não sabia nadar e morreu afogado.

Esta nova informação, confirmada por vários meios de comunicação, mostra que o telemóvel do lusodescendente ainda estava ligado quando a polícia interveio no cais onde se passava a festa e, possivelmente, quando Steve Maia Caniço caiu ao rio.

Foi o próprio primeiro-ministro, Édouard Philippe, que anunciou no fim de julho que um relatório da Inspeção Geral da Polícia Nacional, mostrou que "não havia qualquer ligação" entre a morte de Steve Maia Caniço por afogamento e a intervenção policial no lugar onde este se encontrava.

Testemunhas dizem que intervenção da polícia gerou pânico

Mas esta não é a opinião da família nem da sua advogada, Cécile De Oliveira. "A polícia não devia ter intervindo daquela forma, naquele lugar, naquela noite", afirmou a advogada, em declarações à agência Lusa.

Os relatos dos amigos e outras pessoas que estavam na festa naquela noite dão conta que a intervenção da polícia gerou pânico e houve mesmo utilização de gás lacrimogéneo.

Sem falar abertamente de violência policial, a advogada defende que será durante o processo de instrução, que pode demorar até dois anos, que poderá ser "declarada ou não a ligação da polícia com a morte de Steve". O processo decorre no Tribunal de Rennes e está aberto contra desconhecidos.

Até ao final desta semana, espera-se que um novo relatório da Inspeção Geral da Administração, que controla o Ministério do Interior, revele se a intervenção da polícia naquela noite, no cais onde decorria a festa em Nantes, foi ou não justificada.

Além de Steve Maia Caniço, outras pessoas caíram ao rio Loire nessa noite e terão sofrido ferimentos durante a intervenção policial, estando também a decorrer em paralelo outro processo com 84 vítimas que pretendem provar a utilização de força excessiva naquela ocasião.

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