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África do Sul

Dois mortos e cinco feridos em protestos xenófobos em Joanesburgo

09 set, 2019 - 12:37 • Redação com Lusa

Os alegados ataques xenófobos na África do Sul já fizeram pelo menos dez mortos, desde o início do mês.

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África do Sul. Negócios de estrangeiros alvo de violência xenófoba
África do Sul. Negócios de estrangeiros alvo de violência xenófoba

Duas pessoas morreram em atos de violência xenófoba, no domingo, no centro da cidade sul-africana de Joanesburgo, anunciou esta segunda-feira a polícia.

Desde o início dos alegados ataques xenófobos, pelo menos 10 pessoas morreram, entre as quais um estrangeiro, cuja nacionalidade não foi divulgada.

"A segunda vítima foi baleada mortalmente em Denver enquanto que a primeira foi esfaqueada em Hillbrow", disse o porta-voz policial, Wayne Minnaar, ao canal público SABC.

"A Jules Street e Malvern pareciam ontem [domingo] zonas de guerra com saques de várias lojas, veículos e pneus a arder e muita violência", afirmou.

Segundo a polícia, cinco pessoas ficaram feridas e 17 foram detidas por violência pública.

Violentos protestos reeclodiram no domingo à tarde no centro da capital sul-africana, quando os manifestantes, residentes em albergues sociais, rejeitaram o apelo contra a xenofobia, violência e pilhagens feito pelo líder político Zulu do partido Livre Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, perante os manifestantes que empunhavam pangas e outras armas tradicionais Zulu.

Wayne Minnaar disse que a dificuldade das autoridades de segurança em lidar com este tipo de situações esporádicas "é que podem eclodir a qualquer momento em qualquer sítio".

Todavia, descreveu a situação como "calma hoje em várias partes” de Joanesburgo, “com o trânsito a regressar à normalidade".

A Liga da Mulher do Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), partido no poder, apelou esta segunda-feira ao Governo a tomar medidas para pôr fim à alegada violência xenófoba e instou o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, a declarar o estado de emergência no país.

Pelo menos cinco estabelecimentos comerciais portugueses foram pilhados e destruídos em Joanesburgo.


A organização não governamental Fórum Português da África do Sul, com cerca de 8.000 membros no país, convocou para este domingo um encontro, em Benoni, leste de Joanesburgo, para discutir a destruição e pilhagem de negócios de comerciantes portugueses em Joanesburgo e arredores.

De acordo com esta ONG, cerca de 460 portugueses foram assassinados na África do Sul desde a queda do ‘apartheid' em 1994.

Segundo as autoridades consulares portuguesas, cerca de 200 mil cidadãos encontram-se registados na África do Sul, 68 mil destes na Grande Joanesburgo.

De acordo com dados recolhidos pela agência Lusa junto dos comerciantes afetados, os prejuízos materiais ascendem a 11,3 milhões de rands (691 mil euros).

"Sabemos que pelo menos 10 pessoas morreram nessa violência, entre as quais um estrangeiro", afirmou o chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, numa declaração à nação emitida na quinta-feira pela televisão, durante a qual considerou que "não há desculpa para a xenofobia" nem uma "justificação para os saques e destruição".

Desde o início da violência, a polícia deteve mais de 500 pessoas.

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