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Amazónia arde, chuva negra em São Paulo e Bolsonaro volta a culpar as ONG

22 ago, 2019 - 16:41 • Marta Grosso

Presidente do Brasil volta a apontar o dedo às organizações não-governamentais (ONG) e diz-se preocupado com os incêndios que há 17 dias devastam a floresta amazónica. Em São Paulo, caiu chuva de água preta.

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A Amazónia está a arder a um ritmo recorde. O fumo escondeu o sol em São Paulo
A Amazónia está a arder a um ritmo recorde. O fumo escondeu o sol em São Paulo

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O Presidente brasileiro afirmou nesta quinta-feira que tem poucos recursos para combater os vários incêndios que devastam a Amazónia, mas garante que está empenhado em resolver a situação para depois identificar os criminosos.

Numa declaração emitida ao vivo no Facebook, Jair Bolsonaro voltou a apontar o dedo às organizações não-governamentais que deixaram de receber dinheiro do Estado.

“Nós retirámos dinheiro de ONG. 40% ia para as ONG, não tem mais e esse pessoal está sentindo a falta de dinheiro. Portanto, pode estar havendo – pode, não estou afirmando – ação criminosa desses ‘ongueiros’ para chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o Governo do Brasil”, afirmou aos jornalistas.

“Mas vamos fazer o possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso. Cada cadáver queimado, eu sinto em mim o que está acontecendo”, garantiu.

“Temos de combater o crime e depois vamos quem é o responsável do crime. No meu entender, há interesse das ONG que representam interesses de fora do Brasil”, insistiu, frisando que “não existe amizade entre países, apenas interesses”, numa alusão aos apoios vindos de outros países, como a Alemanha e a Noruega.

“O que nós temos na região amazónica o mundo não tem; o pessoal precisa de algo para se alimentar e evoluir e vem de onde essa matéria-prima? Dessa área”, sustentou Bolsonaro, em declarações aos jornalistas.

Mas o foco, para já, é combater o fogo, garantiu.

“Sou contra o que está a acontecer na Amazónia. Farei o possível para que não haja queimadas, mas as pessoas não conseguem entender que isso pode ser criminoso”, ressalvou, dando a entender que todos os anos há queimadas. “Isto extrapolou. Não digo que é normal, mas as queimadas que existem com as condições climáticas quase que dobrou neste ano. Algo de anormal está acontecendo. Mas não quero identificar. Primeiro combater e depois identificar”, afirmou.

Chuva negra sobre São Paulo

Depois de ter ficado às escuras durante o dia, a cidade de São Paulo voltou a sentir os efeitos dos incêndios que consomem mato e floresta na Amazónia, apesar dos mais de três mil quilómetros de distância.

Nesta quinta-feira, caiu chuva preta sobre a cidade, fruto da acumulação de partículas de fumo.

Vários moradores partilharam fotografias e vídeos do momento insólito nas redes sociais.

Os incêndios que há 17 dias devastam a Amazónia já destruíram mais de 72 mil hectares de floresta – uma perda que os especialistas dizem ser “irreparável”.

Entre janeiro e agosto, as queimadas no Brasil aumentaram 82% em comparação com o mesmo período de 2018.

Na floresta da Amazónia – chamada “pulmão do mundo” – uma árvore com uma copa de 10 metros de diâmetro consegue bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água por dia em forma de vapor. É mais do dobro da água usada diariamente por um brasileiro, indica o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia.

O mesmo organismo avança que uma árvore maior, com uma copa de 20 metros de diâmetro, pode evaporar mais de mil litros por dia, bombeando água e levando chuva para irrigar lavouras, encher rios e as represas que alimentam hidrelétricas no resto do país.

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