20 ago, 2019 - 09:06 • João Cunha , com Redação
Dia após dia, o cenário repete-se. Há filas a perder de vista à porta Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), em Lisboa, mas não só…
Apesar das medidas anunciadas pelo Governo para tornar os serviços mais rápidos e as filas mais pequenas, centenas de pessoas esperam e desesperam, por vezes, apenas, para terem a senha que lhes permite serem atendidas no dia.
Logo de madrugada começam a concentrar-se na Avenida Elias Garcia. A primeira pessoa da fila chegou às 3h00.
Contactado pela Renascença, o IMT justifica-se com a elevada procura dos serviços através de uma nota. “Deve-se ter em conta a grande afluência de cidadãos ao atendimento da Direção Regional de Mobilidade e Transportes de Lisboa e Vale do Tejo, na Avenida Elias Garcia, em Lisboa, que ultrapassa a média de cerca de 700 atendimentos por dia”.
Segundo o mesmo texto, as solicitações com maior procura por parte dos cidadãos são: troca de título estrangeiro; levantamento de carta de condução (cartas devolvidas por falta de levantamento nos CTT; alteração de características de veículos; cancelamentos de matrículas; pedidos de informação; Certificação de motorista TVDE e licenciamento de operador de TVDE.
Esta não é situação única
As longas filas de espera para atendimento dos serviços em Lisboa mantêm-se. Uma situação que está longe de ser uma novidade e que o Governo garantiu que iria acabar, com as medidas previstas no programa de simplificação administrativa iSimplex 2019.
A reportagem da Renascença verificou isso mesmo junto da Conservatória dos Registos Centrais, na Rua Rodrigo da Fonseca. A primeira pessoa da fila está lá desde segunda-feira à noite. "Cheguei às 22h15 de ontem e depois foram aparecendo mais pessoas", confirmou José Dias.
Esta manhã, uma cidadã chegou às 6h00 e já tinha uma centena de pessoas à sua frente. “Qualquer dia vou mesmo dormir aqui”, desabafou Marisa Martins ao terceiro dia.
Pelas 9h00 acabaram as senhas para atendimento.
À falta de atenção do Governo, Welington Conceição, que está na conservatória para que lhe corrijam o nome, onde acrescentaram mais um l no Wellington - deixa uma sugestão simples. “A ideia era colocarem senhas cá fora, assim iam tirando conforme fossem chegando. A revolta das pessoas é essa: chegam às 5h00 e quando finalmente entram já não há senha e ficam a ver navios”.
Na segunda-feira, registaram-se incidentes neste local.
Pouco depois das seis da manhã, perto de 70 pessoas esperavam - algumas embrulhadas em mantas e outras sentadas no chão - pela abertura de portas da Loja do Cidadão das Laranjeiras para aceder às senhas aos vários serviços. Muitos já ali tinham estado nos últimos dias.
Queixam-se da espera, da falta de condições e também do limite de senhas que faz com que muitos, depois de esperarem horas, regressem a casa sem conseguir resolver qualquer assunto.