31 jan, 2019 - 22:33 • Redação
O vencedor do maior prémio literário da Austrália não marcou presença na cerimónia de entrega do galardão porque está impedido de entrar no país. Behrouz Boochani é requerente de asilo e aguarda por uma decisão numa ilha transformada em centro de detenção.
O escritor curdo-iraniano foi distinguido pelo seu primeiro livro editado “No Friend But the Mountains” (Nenhum amigo além das Montanhas, em tradução livre).
Conquistou os prémios de literatura e de não-ficção no Victorian Premier’s Literary Awards. No total, arrecadou um cheque de 125 mil dólares.
Natural de Ilam, no Irão, Behrouz Boochani pediu asilo à Austrália e aguarda por uma resposta há quase seis anos.
O escritor curdo foi enviado para a ilha de Manus, na Papua Nova Guiné, onde está instalado um centro de detenção de migrantes que pretendem viver na Austrália.
Inicialmente, o jornalista e defensor dos direitos humanos foi enviado para o centro de reclusão, mas depois passou para um alojamento alternativo na ilha.
Em declarações ao jornal “The Guardian”, Behrouz Boochani ficou sem palavras quando soube que recebeu um prémio do país que, simultaneamente, lhe barra a entrada.
“É um sentimento paradoxal. Sinceramente, não sei o que dizer. Certamente, não escrevi um livro apenas para ganhar um prémio”, referiu.
O seu principal objetivo, sublinhou, é que os australianos e o resto do mundo saibam o que se passa nas ilhas de Manus e Nauru, “um sistema que tortura pessoas inocentes”.
“Espero que este prémio traga mais atenção para a nossa situação, crie uma mudança e acabe com esta política bárbara”, apelou Behrouz Boochani.