31 jul, 2019 - 15:16 • Ana Rodrigues com redação
Mais de 30 mil animais vivos atualmente em Portugal vão ser embarcados esta semana em navios a caminho do Médio Oriente. A denúncia é da organização Setúbal Animal Save, segundo a qual um dos navios partiu na madrugada desta quarta-feira.
“Temos três navios no porto de Sines para carregar esta semana animais vivos, animais que saem de Portugal com destino ao Médio Oriente”, denunciou esta quarta-feira à Renascença Noel Santos, que pertence à organização.
Na última madrugada, “iam todos para Israel". E, acrescenta a fonte, "estamos a falar de qualquer coisa como 30 mil animais que vão ser embarcados nos próximos dias”, num processo que deverá durar “até sexta-feira”. “Os navios são todos internacionais, fazem viagens para a Austrália, os Estados Unidos e o Brasil.”
Para o ativista, não há dúvidas de que “há um negócio de transporte de animais vivos, mundial" gerido a partir de Portugal, e "estes navios fazem parte de algumas dessas frotas”. Por esse motivo, Noel Santos promete permanecer em vigília no local durante toda a semana.
A Setúbal Animal Save quer ainda alertar a sociedade portuguesa para as más condições de transporte dos animais nestes navios-estábulo, que levam, em muitos casos, à morte.
“Estes navios têm condições muito rudimentares. Geralmente, são aproveitamentos de navios de transporte de mercadorias que no fim de vida são reconvertidos em navios de transporte de animais vivos. As condições são muito precárias”, com espaços de “cerca de um metro quadrado por cada bovino de 8 a 10 meses ou até maior; e de três borregos por metro quadrado”, denuncia o ativista.
“Só para termos uma ideia de quão confinados eles viajam, a maior parte viaja uns em cima dos outros, têm problemas em chegar à alimentação, à água e por isso há muitas fatalidades nestas viagens", descreve.
Países como a Áustria, a Hungria e a República Checa já proibiram o transporte de animais vivos durante os meses mais quentes. Em Portugal, não há qualquer medida nesse sentido.
Confrontada com a denúncia, a ministra do Mar disse à Renascença não ter “qualquer informação sobre esta situação”.
Ana Paula Vitorino refere que “as condições de transporte de animais vivos são verificadas pela Direção Geral de Veterinária” e diz acreditar que a “DGV está a fazer o seu trabalho”.
Refere ainda que “o porto só dá autorização de entrada e saída quando estão reunidas as condições”, sendo que o transporte de animais vivos “acontece todo o ano”.