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Metade das remunerações pagas no mundo fica nas mãos de 10% dos trabalhadores

04 jul, 2019 - 16:16 • Sandra Afonso

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, os mais pobres teriam que trabalhar três séculos para ganhar o mesmo que os 10% mais ricos.

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Dez por cento dos trabalhadores recebem metade do que é pago no mundo em remunerações, avança a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os mais pobres teriam que trabalhar três séculos para ganhar o mesmo que mais ricos num ano.

Estes são os que mais ganham. No outro extremo estão 20% dos trabalhadores, os mais mal pagos, que recebem 1% das despesas mundiais com o trabalho. São 650 milhões de pessoas.

Ainda segundo as contas da Organização Internacional do Trabalho, os 10% mais ricos ganham em média 6.619,14 euros, enquanto o vencimento dos 10% mais pobres não chega aos 20 euros.

“Os 10% mais pobres teriam que trabalhar três séculos para ganhar o mesmo que os 10% mais ricos num ano”, diz o economista do Departamento de Estatística da OIT, Roger Gomis.

A OIT conclui ainda que quanto maior é a pobreza num país, maior é a desigualdade salarial.

No topo da tabela da desigualdade salarial estão países como a República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Libéria, Níger ou Uganda, onde 10% dos trabalhadores mais ricos concentram entre 70% e 80% do total de salários pagos.

O impacto da crise nos salários

Segundo este relatório da OIT, a nível mundial a desigualdade salarial reduziu-se desde a crise. A riqueza concentrada nos 10% de trabalhadores mais ricos diminuiu mais de 6%, para 49%.

A Organização Internacional do Trabalho explica esta dispersão com o crescimento económico de duas potências emergentes com grandes populações, a China e a Índia.

No entanto, quando o mesmo estudo se concentra nas economias mais desenvolvidas, as conclusões são muito diferentes. Entre os países mais ricos, a desigualdade das remunerações a nível nacional continua a aumentar.

Um dos motivos é o facto do rendimento nacional destinado aos trabalhadores ter diminuído, de 2004 para 2017. Quando os salários mais altos sobem, todos os outros sofrem perdas, ou seja, os trabalhadores de classe média e média baixa vêm os rendimentos baixar, mas quando os rendimentos mais baixos sobem, todos são favorecidos.

Enquanto a classe média, 60% dos trabalhadores, perdeu dinheiro nos últimos anos, os 20% dos que mais ganham viram os rendimentos aumentar.

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