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Lisboa

Marcelo quer encerramento de urgências de obstetrícia "devidamente esclarecido"

20 jun, 2019 - 18:43

"Os nascimentos ocorrem quando ocorrem e se ocorrem em agosto ou em setembro não é possível dizer 'olhe, espere um bocadinho que só há disponibilidade para nascimento a partir do final de setembro'", lembrou o Presidente da República.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje esperar que o eventual fecho rotativo de urgências de obstetrícia em Lisboa seja "devidamente esclarecido e explicado", para "serenar os espíritos das pessoas".

À margem de uma visita à Quinta do Mocho, no concelho de Loures, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a notícia do jornal Público, segundo a qual as urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa vão estar encerradas durante o verão, fechando rotativamente uma de cada vez, devido à falta de especialistas. "Eu espero que seja devidamente esclarecido, explicado, para as pessoas perceberem exatamente como vai ser e para não terem depois as preocupações que vi aparecer", defendeu.

Na perspetiva do chefe de Estado, "essa explicação é muito importante para serenar os espíritos das pessoas numa comunidade tão vasta, numa área tão ampla" como é a de Lisboa. "Falta haver explicação para se perceber exatamente como é, qual é a amplitude e para ver se aquilo que fica a funcionar tem capacidade para responder às necessidades previsíveis nos meses de agosto e de setembro", apontou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, "tem de ser explicado às pessoas porque, aparentemente, é para ser aplicado no mês de agosto e no mês de setembro, e as pessoas têm de perceber". "Eu não tenho exatamente a memória, mas penso que já não é nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez, quando se aproxima o verão, se fala na hipótese de fecho de urgências, ou de obstetrícia ou de pediatria, enfim, várias especialidades, por causa problemas de funcionamento ou de falta de recursos humanos", lembrou.

"Eu próprio fiz um esforço para perceber e percebi que das quatro urgências de Lisboa, fecha uma, ficam só três, durante esse período de dois meses e, portanto, aquela que fecha vai rodando, mas foi como eu percebi, não sei se percebi bem porque as notícias de repente davam a entender que era um fecho generalizado", admitiu. É por isso que é preciso "explicar bem às pessoas, porque não é possível fechar as maternidades, isto é, não é possível fechar os nascimentos".

"Os nascimentos ocorrem quando ocorrem e se ocorrem em agosto ou em setembro não é possível dizer olhe, espere um bocadinho que só há disponibilidade para nascimento a partir do final de setembro", disse.

Sobre quem é que deve prestar esclarecimentos, Marcelo Rebelo de Sousa pensa que a ARS "vai explicar isso ao parlamento".

Ordem pede reunião urgente à ARS sobre fecho rotativo de urgências de obstetrícia

A Ordem dos Médicos informou hoje que vai pedir uma reunião com caráter de urgência à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) para esclarecer o eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia da capital. O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, citado na nota de imprensa enviada à agência Lusa, referiu que o eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa "ultrapassa os limites do aceitável e não constitui em si uma solução para o problema que se arrasta".

"É necessário existir um planeamento adequado das necessidades dos serviços, ter uma organização modelar e encontrar verdadeiras soluções para os problemas e não apenas insistir na improvisação em cima do joelho", defende o bastonário.

Para Miguel Guimarães, o fecho rotativo das urgências não passa de "um remendo", sendo que o efeito dominó de tal medida "pode ter consequências imprevisíveis na atividade cirúrgica, no internamento, na vigilância, nos tempos de espera, na taxa de cesarianas e, em última análise, na qualidade e segurança clínica dos cuidados prestados às grávidas e aos recém-nascidos". Na nota de imprensa da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães refere que Portugal corre o risco de reverter os anos de trabalho positivo na área da saúde materno-infantil.

Apesar de afirmar que "as carências não são de hoje", o bastonário insiste que é necessário perceber "o que aconteceu nos últimos meses" para que se esteja a assistir "a um colapso diário de vários serviços hospitalares". A mesma nota recorda que dos 1.400 especialistas em ginecologia e obstetrícia inscritos na Ordem dos Médicos com menos de 70 anos apenas 850 trabalham no Serviço Nacional de Saúde, sendo necessários "pelo menos mais 150 especialistas".

O Conselho Regional da Ordem dos Médicos convocou todos os Diretores Clínicos, Diretores de Obstetrícia e de Unidades Neonatais da Região Sul para uma reunião urgente na terça-feira para a Sede da Ordem dos Médicos.

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