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TAP. Acionista privado garante que Fernando Pinto fez "trabalho maravilhoso"

27 set, 2018 - 18:27

David Neeleman lembra que Fernando Pinto teve que recorrer aos bancos, até as instituições começarem a fechar as portas ao financiamento.

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O empresário David Neeleman defende que Fernando Pinto fez um "trabalho maravilhoso", durante os 17 anos em que esteve à frente da TAP, e sublinha que os problemas da companhia começaram após a adesão de Portugal à UE.

Fernando Pinto, que dirigiu a companhia por 17 anos, é um grande amigo meu [...] e fez um trabalho maravilhoso na TAP, mas houve coisas que ele não conseguiu fazer", disse David Neeleman, durante a sua intervenção num debate no American Club of Lisbon.

Para o responsável, que juntamente com Humberto Pedrosa integra consórcio Atlantic Gateway, acionista privado da TAP, os problemas da empresa começaram com a adesão de Portugal à União Europeia (UE), altura em que a transportadora registou limitações às ajudas do Estado.

David Neeleman referiu que, para capitalizar a companhia, Fernando Pinto teve que recorrer aos bancos, até as instituições começarem a fechar as portas ao financiamento.

Como consequência, a transportadora portuguesa não conseguiu renovar a sua frota.

"Tinham aviões com 22 e 23 anos e voar e não havia capital para obter uma nova frota. Estavam a voar com aviões velhos e não conseguiam competir com o que as outras companhias ofereciam", apontou.

Neeleman afirmou que a nova administração teve de começar a adquirir aviões, a obter financiamentos e a renovar as aeronaves mais antigas, por exemplo, trocando-lhes os assentos.

No entanto, o responsável frisou que ainda "há muito trabalho a fazer" e que é necessário capitalizar a empresa para que esta fique segura por muitos mais anos.

"Temos pessoas a trabalhar arduamente e vamos fazer grandes coisas em Portugal", disse.

Durante a sua intervenção, Neeleman expressou ainda a necessidade de apostar nas acessibilidades do país e na agilização dos serviços, de modo a atrair mais viajantes.

"Portugal é um país isolado, está longe de tudo. Não há muitas pessoas a viajar da Europa para Portugal de comboio [...]. O aeroporto deve ser um dos focos principais do país", concluiu.

O consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, detém 45% do Grupo TAP (TAP SGPS), o Estado, através da Parpública, detém 50% e os restantes 5% estão nas mãos dos trabalhadores.

O antigo presidente da TAP Fernando Pinto e mais quatro pessoas são arguidos num processo que investiga administração danosa e burla qualificada, segundo o Ministério Público.

A informação foi confirmada na terça-feira à agência Lusa pela Procuradoria-Geral da República, após o jornal Público ter publicado, no domingo, uma notícia dizendo que Fernando Pinto tinha sido constituído arguido, estatuto processual confirmado pelo próprio, no âmbito da investigação da Polícia Judiciária à compra da VEM (Varig Engenharia e Manutenção), processo que decorreu entre 2005 e 2007, sob suspeita de gestão danosa.

O processo é dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estando em investigação os crimes de administração danosa e burla qualificada.

Na segunda-feira, o antigo presidente da TAP Fernando Pinto assumiu que o negócio da VEM "não foi uma aposta boa", mas garantiu ter agido sempre de forma transparente.

"Os números da aviação são muito grandes. É importante que se ponham as coisas no seu devido lugar. Não deu certo, não ganhámos, é verdade. Esta aposta não foi boa, mas tivemos muitas outras apostas que deram certo", afirmou, na altura, o agora consultor da administração da TAP.

"Tenho 50 anos de trabalho na aviação e nunca tive um desvio de posição. Sempre trabalhei de forma muito transparente, sempre fiz questão disso e manter um trabalho que seja um exemplo, até para as futuras gerações", disse Fernando Pinto, confirmando ser arguido há um ano e meio.

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