28 fev, 2019 - 12:45 • Inês Braga Sampaio *
É nas finais que a história se escreve e é, por isso, nas finais que todos os olhos estão postos. Como o epílogo de um livro, é da final que ficam as memórias. Por vezes, porém, o clímax acontece no capítulo que a antecede.
28 de fevereiro de 1989. Faz hoje 30 anos que Portugal venceu o Brasil, por 1-0, na meia-final do Campeonato do Mundo de sub-20, na Arábia Saudita. Jorge Amaral foi o herói do jogo: marcou, aos 69 minutos, o golo que colocaria a equipa de Carlos Queiroz na final de Riade, contrariando todas as previsões, que apontavam o Brasil como o vencedor da prova.
"A imprensa, na altura, dizia que o Brasil era já finalista", conta Jorge Amaral, em entrevista a Bola Branca. A festa fazia-se para e pelo Brasil, num Mundial "praticamente feito à medida" da canarinha:
"Eles foram logo convidados pelo Sheik para ir a casa dele, ofereceu relógios em ouro a todos os jogadores do Brasil. O Pelé também lá estava. Portanto, já era um dado adquirido que o Brasil era finalista."
Um golo contra os relógios
Os brasileiros ficaram com os relógios, mas a hora era de Portugal. Mesmo com a diferença de apoio nas bancadas. Na Arábia Saudita, "havia uma grande comunidade de brasileiros", que fizeram questão de apoiar a sua seleção. "Nós tínhamos para aí dois ou três adeptos com bandeirinhas a gritar por nós", recorda Amaral, com humor.
No final de contas, Portugal mostrou à imprensa, ao Sheik e ao Brasil que não existem vencedores antecipados e garantiu a presença na final.
Amaral recorda que, após o jogo, a seleção não só era "a favorita dos sauditas", como acredita que podia, de facto, ser campeã do mundo.
Passados 30 anos, o herói da da meia-final assume que aquela vitória, com golo seu, sobre o Brasil foi "o ponto alto" de toda a sua carreira.
"Passam 30 anos e as memórias estão cá. Ficou um marco na minha carreira, porque ganhámos ao Brasil por 1-0 e fui eu que fiz o golo. É evidente que isso fica sempre marcado", realça o campeão do mundo.
Epílogo feliz diante da Nigéria
A final seria frente à Nigéria, uma seleção "muito para o lado físico", com idades que "não correspondiam bem à realidade". O sonho estava mais perto: "Sabíamos que, se estivéssemos concentrados, coesos e bem organizados, poderíamos campeões do mundo."
E assim foi. O avançado não marcou nesse jogo, mas foi titular e ajudou a fazer história. Foi substituído aos 88 minutos, quando o resultado já estava feito e a taça já tinha as fitas de Portugal.
"Foi um marco histórico para o futebol português e para todos nós. Foi o dia mais importante da nossa carreira", lembra Amaral, protagonista do penúltimo capítulo de uma história que acabaria escrita a letras de ouro.
Foi a 3 de março de 1989, quando Portugal se sagrou campeão do mundo de sub-20, em Riade, com uma vitória sobre a Nigéria, por 2-0.
*com José Barata (entrevista)