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UE avança com mecanismo de trocas para contornar sanções de Trump ao Irão

31 jan, 2019 - 15:24 • Tiago Palma com agências

Os Estados Unidos abandonaram em maio, unilateralmente, o acordo nuclear assinado em 2015 por Obama com o regime de Teerão e reinstauraram sanções económicas aos iranianos.

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A União Europeia (UE) afirmou esta quinta-feira apoiar "totalmente" a criação de um mecanismo, o Instex (acrónimo inglês para "Instrument in Support of Trade Exchanges"), por parte da Alemanha, França e Reino Unido, para trocas comerciais com o Irão -- nomeadamente a exportação de petróleo iraniano para a União Europeia --, na sequência da decisão dos Estados Unidos de abandonarem o acordo nuclear.

Falando aos jornalistas em Bucareste, na Roménia, à entrada para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, a Alta Representante da União para a Política Externa, Federica Mogherini, deu as "calorosas boas-vindas" ao mecanismo que será hoje oficialmente divulgado pela Alemanha, França e Reino Unido, visando facilitar as transações financeiras após a decisão dos Estados Unidos de abandonarem o acordo sobre o nuclear iraniano e de restabelecerem unilateralmente sanções contra o Teerão.

Realçando a "componente económica" desta iniciativa, Mogherini notou que este mecanismo possibilitará que "as relações comerciais legítimas continuem". Este acordo visa, assim, manter o programa nuclear do Irão sob controlo (a UE impôs em janeiro o primeiro pacote de sanções ao Irão dos últimos três anos e meio) e, em contrapartida, levantar as sanções económicas impostas ao Irão. "A UE apoia totalmente a aplicação do acordo nuclear com o Irão pela simples razão de já termos visto que resulta", declarou a Alta Representante da UE.

Os Estados Unidos abandonaram o acordo unilateralmente e reinstauraram sanções a Teerão, mas nenhum dos restantes signatários seguiu a iniciativa de Washington.

O acordo nuclear foi assinado em 2015 entre o Irão e o denominado grupo dos 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China -- mais a Alemanha). Teerão aceitou suspender o seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções económicas.

Em maio, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu retirar o país do acordo e repor as sanções levantadas. Os restantes signatários do acordo mantiveram o compromisso com o Irão.

A Administração norte-americana já advertiu a União Europeia para "efeitos negativos" de qualquer mecanismo (o Instex ou outro) que tenha por finalidade contornar as sanções aplicadas ao regime iraniano, lembrando uma ameaça passada do Presidente Trump: as empresas que negoceiem com o Irão podem vir a ser impedidas de entrar nos EUA. Por sua vez, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araqchi, afirmou que "este é um primeiro passo tomado pelos europeus", esperando que "abranja todos os items e bens" e não somente primazia ao petróleo.

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