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Ucrânia pode usar armas britânicas contra alvos na Rússia. Kremlin alerta para “ameaça à segurança europeia”

03 mai, 2024 - 17:18 • Miguel Marques Ribeiro

Londres anunciou que vai fornecer anualmente cerca de 3.800 mil milhões de euros em armamento à Ucrânia.

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O secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron, afirmou que cabe à Ucrânia decidir como usar as armas que lhe são fornecidas pelo Reino Unido, pelo que não está excluído à partida o seu uso em território russo.

As declarações foram feitas no âmbito de uma deslocação de Cameron a Kiev, onde se encontrou com o Presidente Volodymyr Zelensky.

Esta posição, a par do anúncio de que Londres iria fornecer anualmente cerca de 3.800 mil milhões de euros em armamento à Ucrânia, fizeram soar os alarmes no Kremlin, que considerou a declaração “muito perigosa” e não tardou a reagir.

“Esta é uma escalada direta de tensão em torno do conflito ucraniano, que representaria potencialmente uma ameaça à segurança europeia”, disse o porta-voz Dmitry Peskov.

Cameron justifica a autorização dada ao exército ucraniano pela necessidade de estabelecer um certo equilíbrio de forças no terreno. “No momento em que a Rússia está a atacar dentro da Ucrânia, podemos compreender perfeitamente porque é que a Ucrânia sente a necessidade de se certificar de que está a defender-se”, declarou.

O Reino Unido e os EUA parecem, no entanto, não ter ainda concertado posições sobre esta matéria, já que, segundo a BBC, os EUA teriam instado a Ucrânia a suspender os seus ataques às refinarias de petróleo na Rússia, temendo precisamente que isso pudesse provocar uma escalada no conflito.

Há um ano, o Reino Unido confirmou que tinha começado a fornecer mísseis de cruzeiro Storm Shadow de longo alcance, com um alcance superior a 250 quilómetros, capazes de atingir diversos alvos estratégicos em território russo.

Peskov reagiu também às últimas declarações de Emmanuel Macron, que voltou a falar da possibilidade do Ocidente colocar tropas no terreno, caso os russos “conseguissem romper as linhas da frente" e "se houvesse um pedido ucraniano". As declarações de Macron ao The Economist revelam uma “tendência muito perigosa”, sublinhou o porta-voz do Kremlin.

Nas últimas semanas, o exército russo tem conseguido avanços no terreno, enquanto se agudizam do lado ucraniano os problemas de falta de tropas e de munições.

Já nesta sexta-feira, um ataque russo em Kharkiv matou uma idosa em sua casa e um autocarro que transportava passageiros foi também atingido.

Segundo a BBC, o alvo imediato da Rússia será a cidade estratégica de Chasiv Yar, a 15 quilómetros a oeste da cidade devastada de Bakhmut.

As autoridades ucranianas acreditam que a sua conquista seria o primeiro passo antes das forças russas tentarem a conquista das principais cidades orientais, como Kramatorsk e Slovyansk. Os serviços de inteligência estão também convencidos que a Rússia continua a preparar uma ofensiva de verão nas regiões nordeste de Kharkiv e Sumy.

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