13 dez, 2018 - 13:00 • André Rodrigues
O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que Portugal "tem sido pouco eficaz no combate ao tabagismo".
Comentando o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), que aponta para mais de 13 mil mortes por ano, Ricardo Mexia defende na Renascença que o país deveria ser "mais assertivo" nesta matéria, considerando que "a legislação deveria impedir o consumo de tabaco de uma forma mais abrangente".
De acordo com o ONDR, que reflete dados até 2016, só nesse ano morreram cerca de 12 mil portugueses por doenças foro respiratório, diretamente relacionadas com hábitos tabágicos.
Ricardo Mexia apela, por isso, a um "maior incentivo no âmbito das consultas de cessação tabágica, porque a oferta ainda é reduzida". E acrescenta que "é preciso trabalhar na sensibilização das pessoas", porque "estamos a assistir a um aumento significativo de fumadores, sobretudo entre as mulheres jovens, o que significa que temos de investir mais nessa área", sublinha.
Vacina contra a pneumonia? "Os peritos é que sabem"
De acordo com o relatório do ONDR, cerca de metade das mortes por doenças respiratórias dizem respeito a casos de pneumonia em pessoas com mais de 65 anos.
Este é um cenário que leva os autores do estudo a sugerir a eventual introdução da vacina antipneumocócica no Programa Nacional de Vacinação.
Uma situação que Ricardo Mexia não nega à partida, mas que faz depender de uma decisão técnica.
"Os dados das sociedades científicas são, naturalmente, muito importantes, mas devem ser respaldados pela Comissão Nacional de Vacinação".
Lembrando a recente aprovação no Parlamento de três novas vacinas, à revelia da Direção-geral da Saúde, o presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública fala de "um precedente grave" e lembra que "há órgãos próprios para emitir esses pareceres".
Ricardo Mexia diz ser importante "destrinçar entre o que são recomendações individuais, destinadas a cada caso particular, e as recomendações populacionais que têm de ter em conta a relação custo-benefício que a implementação de uma vacina no Programa Nacional de Vacinação implica".