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​Hora da Verdade

Castro Almeida: "Se Costa sem maioria absoluta já está com esta arrogância, o que seria com maioria absoluta?”

29 nov, 2018 - 00:00 • Eunice Lourenço (Renascença) e Helena Pereira (Público)

Em entrevista à Renascença e ao "Público", o vice-presidente do PSD compara o primeiro-ministro a um "artista a iludir as pessoas", que só pode ser combatido com a verdade.

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O vice-presidente do PSD, Castro Almeida, rejeita, em entrevista à Renascença e ao “Público", ser brando com o primeiro-ministro e aponta-lhe tiques de autoritarismo.

O que é que o PSD acha de António Costa, primeiro-ministro? Tratam-no como se fosse um primeiro-ministro razoável.

Vou tentar deixar o dr. António Costa maldisposto sem o agredir ou insultar. Só recordo que anda a apropriar-se de méritos que não tem. Não é bonito. Faz crer que tem um crescimento económico fantástico quando, afinal, estamos a deixar-nos ultrapassar por outros países europeus. Faz crer que está a fazer um trabalho fantástico no défice quando fez um trabalho mínimo comparado com os três mil milhões por ano que Passos Coelho cortou - Costa vai cortar pouco mais de mil milhões. E apresenta-se como o campeão das contas equilibradas.

Essa é a maior crítica que faz a António Costa? Este PSD não é demasiado brando com Costa? Rui Rio, no caso da recondução ou não da procuradora-geral da República, deu apoio a qualquer decisão que António Costa viesse a tomar. No caso da comissão parlamentar de inquérito a Tancos, disse que não devia ser questionado...

O dr. António Costa levanta-se todos os dias de manhã, tendo como grande preocupação continuar a ser primeiro-ministro logo à noite, ou seja, manter-se no poder. Não pensa em transformar o país, tornar o país mais rico, pôr mais dinheiro no bolso das pessoas. Os socialistas não sabem fazer isto, adoram distribuir dinheiro, mas criar riqueza não é com eles. Acham que a riqueza cai do céu.

Está criada uma ilusão de que as coisas estão a correr bem porque hoje há crescimento e mais emprego do que há seis, sete anos atrás. Não é sério comparar o Portugal de 2018 com o Portugal de 2010, 2011. Temos de comparar o Portugal de 2018 com o resto da Europa em 2018. Aí, todos os países da nossa dimensão cresceram mais do que nós. E se calhar vamos ficar apenas com a Roménia, a Bulgária e talvez a Grécia atrás de nós. O dr. António Costa anda com um ar sorridente e bem-disposto porque tem os portugueses iludidos. Ele contenta-se com muito poucochinho. Crescemos 2% e ele acha fantástico.

A avaliar pelas sondagens, as pessoas também se contentam porque o PS está a crescer.

O jogo de comunicação do Governo é muito mais poderoso do que o dos partidos da oposição. O PSD, por culpa nossa, não tem conseguido explicar isto às pessoas. Quando os portugueses interiorizam esta realidade, pensam duas vezes e ficam abananados. A dívida pública subiu 19 mil milhões de euros, mas o dr. António Costa faz crer que baixou porque baixou na sua relação com o PIB. É uma forma habilidosa - ele, de facto, é um artista, é muito talentoso porque é um artista a iludir as pessoas.

Como se derrota um artista?

Falando verdade. Mostrar o que está mal e mostrar propostas alternativas. As coisas não estão a correr de forma fantástica, mas não está nada perdido. Só depende de nós. Falta saber se temos pessoas capazes de se entender para afirmar esse caminho. Isto é a pescadinha de rabo na boca. Enquanto não houver condições, não se apresentam propostas. Enquanto não se apresentam propostas de governação do país, não há condições internas. Temos de trabalhar nos dois lados.

Mas quando o PSD apresentou propostas para este Orçamento também não houve pacificação, mas até muitas críticas por parte do grupo parlamentar.

Tenho muito orgulho na forma como o grupo parlamentar lidou com este Orçamento do Estado.

Concordou com a "taxa Robles"?

Deixe-me ser franco: não a conheço suficientemente para poder pronunciar-me sobre ela.

Acha que vai de facto haver nova negociação entre Governo e os professores?

Se não houver nova negociação não estará a ser cumprido o mandato do Parlamento. Será mau e um erro do Governo. Quero apelar a que ambas as partes saiam da posição de intransigência em que estiveram. Não é caminho. Os nove anos não têm que ser uma vaca sagrada, nem o Governo deve ficar pelos dois anos. Há caminhos intermédios que passam pelo estatuto da carreira docente e pela aposentação. O Governo está com tiques de autoritarismo que se calhar o vão recusar a sentar-se à mesa com os professores. Isso é muito mau. Se ele, sem maioria absoluta, já está com esta arrogância, tem o rei na barriga, parece que sabe tudo, então o que seria António Costa com maioria absoluta?

No Orçamento, que é aprovado esta quinta-feira, o PSD teve comportamentos irregulares: esteve ao lado da esquerda na questão dos professores e do BE na "taxa Robles"; juntou-se ao Governo para impedir alterações no IRS, por exemplo. Os eleitores percebem a posição do PSD?

Há uma mensagem forte que é a valorização das empresas no desenvolvimento do país.

Já foi governante, mas também já foi autarca. Como está a ver o caso de Borba? O autarca já se devia ter demitido? Está a ser poupado pelos outros partidos por ser um independente eleito por um movimento?

O fenómeno de Borba é um pequeno fenómeno com consequências dramáticas no meio de uma grande avalanche de desconsideração pelas infraestruturas. Sou a favor primeiro do apuramento de factos. Se os factos forem o que parece que são, [o autarca] não terá nenhumas condições [para se manter no cargo].

Comentários
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  • Cidadao
    30 nov, 2018 Lisboa 10:58
    Então desmascarem essa montagem do Costa. De vocês, PSD, só temos as recordações de 4,5 anos de massacre, 1,5 anos de lamentações por perda do Poder e de "vem aí o Diabo" que nunca veio, e agora do aparelho passista a atacar o lider e ele de braços cruzados. Para um partido de Poder, que ambiciona liderar, nem é muito pouco, é NADA!

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