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Eleições Europeias

Temido e Bugalho chocam sobre Von der Leyen e extrema-direita

21 mai, 2024 - 23:15 • Ricardo Vieira

Candidatos do PS e da AD protagonizaram alguns momentos de discórdia e de tensão no frente a frente televisivo, que também contou com João Oliveira, da CDU, e Tânger Corrêa, do Chega.

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Avanço da extrema-direita, alianças europeias, imigração, guerra na Ucrânia e habitação marcaram o debate desta terça-feira, na RTP, para as eleições europeias de 9 de junho entre Marta Temido (PS), Sebastião Bugalho (AD), João Oliveira (CDU) e Tânger Côrrea (Chega).

Marta Temido e Sebastião Bugalho protagonizaram alguns momentos de discórdia e de tensão no frente a frente televisivo, nomeadamente sobre o posicionamento em relação à direita radical.

"A AD tem no seu seio partidos que são anti-europeístas, que querem referendar a permanência na União Europeia. Estou a falar do Partido Popular Monárquico. A Europa está sob ataque e não é apenas um ataque por uma guerra que está às portas, é um ataque aos seus valores essenciais e a uma visão solidária da Europa que se está a esboroar e não são projetos de direita tradicional que convivem bem com extremas-direitas, porque elas são mais ou menos palatáveis, que nos levam a resolver os problemas", acusou a cabeça de lista do PS.

Sebastião Bugalho admite que a "extrema-direita ameaça a democracia, mas a AD não pode aceitar lições de moral de complacência com a extrema-direita do PS".

"Os socialistas na Europa e o grupo mais à direita no Parlamento Europeu votaram juntos 823 votações. Votaram juntos 37% no último mandato", argumentou o candidato da AD.

Marta Temido atacou a atual presidente da Comissão Europeia e recandidata, Ursula von der Leyen, por não excluir colaborar com os Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), grupo que pode ter a quarta maior bancada no próximo Parlamento Europeu, e que integra partidos como os espanhóis do Vox, os polacos do PiS, os Irmãos de Itália e os franceses da Reconquista.

“O que me parece é que a senhora Von Der Leyen não sabe de que lado é que vai ficar em relação a esse combate. Vimos no fim de semana passado, em Espanha, uma convenção de partidos de direita conservadora e de extrema-direita, afirmações inaceitáveis sobre o respeito do Estado de Direito. Von der Leyen diz - e a AD pelos vistos vive bem com isso - que é possível, dependendo dos resultados eleitorais, admitir parcerias com estas forças políticas e isso preocupa-nos imensamente. É preciso dizer às pessoas o que está em causa nestas eleições”, afirma a antiga ministra da Saúde.

Sebastião Bugalho saiu em defesa da atual presidente da Comissão Europeia: "A Marta Temido não pode acreditar nem dizer aos portugueses que Ursula von der Leyen está mais do lado dos que são pró-Putin do que daqueles que estão do lado da democracia. Se não fosse a Comissão Europeia e o esforço de Ursula von der Leyen a Ucrânia já tinha sido derrotada”.

“Ou se está a expressar mal ou então não percebeu o que está nessa notícia. A Ursula von der Leyen abre a porta aos Conservadores e Reformistas, mas não podemos amalgamar o grupo da identidade e Democracia com o grupo dos Conservadores e Reformistas”, sublinhou o candidato da AD.

Por seu lado, Tânger Corrêa afirma que o Chega não é de extrema-direita, mas sim um partido conservador e diz que ainda é cedo para debater qual será o grupo que vai integrar se entrar no Parlamento Europeu.

Tânger Corrêa admite que, dependendo dos resultados das eleições europeias de junho, pode haver uma aproximação entre os dois grupos mais à direita no Parlamento Europeu: Conservadores e Reformistas ou Identidade e Democracia.

Por seu lado, João Oliveira, da CDU, considera que "há uma sã convivência da União Europeia com a extrema-direita".

"Fora umas guerras de alecrim e manjerona tudo acaba bem, porque a extrema-direita não põe em causa nem o militarismo nem o neoliberalismo", sublinha o candidato comunista.

Tropas para a Ucrânia? Seria uma "eventual Guerra Mundial"

Sobre o eventual envio de tropas de países europeus para a Ucrânia, a socialista Marta Temido pede prudência.

“A eventual ideia de envio de tropas para o terreno é admitir a escalada do que se passa hoje num contexto regional para uma eventual guerra mundial. É preciso grande prudência quando se fazem as análises sobre essa possibilidade. Estaremos sempre ao lado do povo ucraniano, em termos militares, humanitários, apoios de equipamentos, continuação de iniciativas políticas no sentido de avançar para uma fase seguinte. Não falo no envio de tropas.”

Já o cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, critica as recentes declarações do chefe de Estado Maior da Armada, Gouveia e Melo, sobre uma entrada na guerra da Ucrânia.

“Tenho todo o respeito pelo almirante Gouveia e Melo, mas afirmações sobre o futuro da vida dos jovens portugueses, numa democracia, devem ser feitas por democratas eleitos pelos portugueses e não pelo chefe de Estado Maior da Armada.”

Quanto ao candidato do Chega considera que as palavras de Gouveia e Melo são “mais uma declaração de intenções”, porque Portugal “não tem ninguém para mandar para lado nenhum. As forças armadas portuguesas foram destruídas nos últimos anos”.

Tânger Corrêa critica a falta de investimento na Defesa e defende parcerias público privadas neste setor.

O comunista João Oliveira lamentou o militarismo das posições dos restantes candidatos às europeias.

“Quero destoar deste coro de militarismo. As declarações de Gouveia e Melo são preocupantes, e são ainda mais graves quando junto a declarações de Charles Michel e de Ursula von der Leyen. Estamos a preparar-nos para a guerra. Temos que inverter esse caminho. A Ucrânia precisa de um cessar-fogo imediato”, declarou João Oliveira, que apoia os esforços de paz do Papa Francisco.

As propostas de AD e PS sobre habitação geraram um dos momentos mais tensos do debate, com trocas de acusações de faltar à verdade ou de impreparação.

No meio desta troca de argumentos, o candidato do PCP considerou ser “estéril PS e PSD estarem a discutir votações” porque quando chegam ao Parlamento Europeu “votam da mesma maneira”.

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