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Reino Unido. O que se sabe (e ainda não se sabe) sobre o novo envenenamento com novichok

05 jul, 2018 - 14:13

Governo britânico já pediu explicações à Rússia sobre o novo caso, que aconteceu poucos meses depois do ataque com o mesmo agente nervoso da era soviética contra um ex-espião russo e a sua filha em Salisbury, no sul de Inglaterra.

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Um novo caso de envenenamento com o agente nervoso novichok no espaço de poucos meses está a alarmar o Reino Unido, cujo Governo já voltou a pedir explicações à Rússia.

Um casal britânico encontrado em estado crítico a 15 quilómetros de Salisbury, cidade onde o antigo espião russo Sergei Skripal e a sua filha foram envenenados em março, foi exposto ao mesmo agente nervoso da era soviética, o novichok, confirmou esta quinta-feira o Governo de Theresa May.

As novas vítimas são Charlie Rowley, de 45 anos, e Dawn Sturgess, de 44. Foram encontrados inanimados no sábado, na sua casa de Amesbury, no condado de Wiltshire, e estão hospitalizados em estado crítico.

Continua para já por determinar se há alguma ligação entre este caso e o envenenamento de Sergei e Yulia Skripal. As autoridades estão a investigar se o casal de Amesbury foi ou não atacado de propósito ou se a situação resultou de algum acidente.

A polícia está agora a tentar reconstituir os passos da parelha nas últimas semanas, para perceber onde e como podem ter estado em contato com o agente nervoso altamente letal.

O casal foi hospitalizado no sábado no hospital de Salisbury, com as autoridades a atribuírem inicialmente a situação à ingestão de uma mistura contaminada de heroína ou 'crack'.

Londres aponta o dedo à Rússia

O ministro da Administração Interna, Sajid Javid, disse esta quinta-feira que o agente nervoso utilizado neste último caso é o mesmo que afetou Sergei Skripal e a sua filha e pede explicações à Rússia.

“É completamente inaceitável que os nossos cidadãos sejam alvo, deliberadamente ou de forma acidental, ou que as nossas ruas, parques, cidades se transformem em lixeiras de veneno”, afirmou Sajid Javid, no parlamento. “Está na altura de o Estado russo se chegar à frente e explicar exatamente o que se passou.”

Sajid Javid anunciou que vai consultar os aliados do Reino Unido com vista a uma possível resposta conjunta ao novo incidente.

Numa primeira reação, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou que o novo caso de envenenamento em Inglaterra é “perturbador” e desejou rápidas melhoras às vítimas. O porta-voz do Kremlin também voltou a negar qualquer envolvimento no ataque de março ao ex-espião russo.

Recomendações à população

A situação está a causar preocupação e a dominar as atenções no Reino Unido. As autoridades de saúde emitiram um conjunto de recomendações para todas as pessoas que estiveram na zona de Amesbury, entre os dias 20 e 29 de junho.

O risco de contaminação é considerado baixo, mas a população deve tomar algumas medidas de precaução como: lavar a roupa que usaram numa máquina de lavar com detergente limpar com toalhetes objetos pessoais, como malas, telemóveis ou outros dispositivos eletrónicos.

O que é o novichok?

É um agente químico desenvolvido pela antiga União Soviética nas décadas de 1970 e 80. Também conhecida como A-230, a substância é considerada uma das mais letais produzida pelo homem. É por exemplo, oito vezes mais potente que o VX, o agente utilizado para assassinar o irmão do atual líder da Coreia do Norte.

O primeiro ataque contra o ex-espião

O antigo espião russo Sergei Skripal e a filha Yulia foram encontrados inanimados num banco de um centro comercial, na cidade de Salisbury, no sul de Inglaterra, no dia 4 de março. Os dois foram internados em estado grave, juntamente com um agenda da polícia que os acudiu numa primeira instância. Acabaram por sobreviver ao ataque, deixando o hospital meses depois.

Sergei Skripal, de 66 anos, trabalhou nos serviços secretos militares da Rússia e era um agente duplo recrutado pelo Reino Unido. Durante anos forneceu informações importantes sobre cerca de 300 espiões russos a operar no Ocidente. Acabou por ser detido no seu país e condenado por traição, em 2004. Seis anos depois foi libertado ao abrigo de uma troca de espiões com Londres. Vive desde então em Inglaterra com estatuto de refugiado.

Na altura, o Reino Unido responsabilizou a Rússia pelo ataque e expulsou diplomatas. Moscovo negou qualquer envolvimento e respondeu na mesma moeda.

Os Estados Unidos e 14 países da União Europeia seguiram o exemplo e anunciaram a expulsão de uma centena de diplomatas russos em retaliação pelo envenenamento de Sergei Skripal. Portugal condenou o "atentado de Salsbury", mas não expulsou representantes de Moscovo sediados em Lisboa.

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