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Culpado de não ter havido Nobel da Literatura em 2018 acusado de violação

12 jun, 2018 - 17:14

O fotógrafo Jean-Claude Arnault, que é casado com uma escritora que integrou a Academia Sueca até este ano, garante que está inocente.

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O fotógrafo francês no centro do escândalo que impediu a atribuição do Prémio Nobel da Literatura este ano foi formalmente acusado de violação.

Jean-Claude Arnault, que é casado com uma escritora que em tempos integrou a prestigiada Academia Sueca do Nobel, enfrenta duas acusações de violação que remontam a 2011. A procuradora-geral da Suécia, Christina Voigt, diz que as provas contra Arnault são "robustas e suficientes para avançar com acusações formais".

O fotógrafo, famoso no seu país-natal, rejeita as acusações e mantém a sua inocência, avançou o seu advogado, Bjorn Hurtig. "Não partilho da opinião da procuradoria de que as provas são robustas. Há relatos contraditórios, não há provas técnicas, não há testemunhas diretas [dos crimes] e os eventos já aconteceram há muito tempo."

Foi este caso que, em maio, forçou a Academia Sueca a adiar a atribuição do Nobel da Literatura, enfrentando duras críticas pela má gestão das alegações de violação. As duas acusações formais contra Arnault envolvem uma mesma mulher que permanece no anonimato.

No final de 2017, no embalo do movimento #MeToo, 18 mulheres denunciaram Arnault a um jornal sueco por alegado assédio sexual e violação, uma reportagem que levou os procuradores do país a abrirem uma investigação ao fotógrafo. Vários dos crimes de que é acusado terão ocorrido em propriedades da Academia do Nobel ou no clube literário da instituição.

Antes disto, Arnault já tinha sido acusado de apalpar o rabo à herdeira do trono sueco, a princesa Victoria, durante um jantar formal em 2006. O fotógrafo também nega que tal tenha acontecido.

Em abril, face às acusações de assédio, os membros da Academia votaram a expulsão de Katarina Frostenson, poeta e romancista que é casada com Arnault, do seu comité de 18 elementos.

Esta decisão, a par de acusações de conflitos de interesse e a delação de nomes de vencedores do Nobel antes dos anúncios formais, terão dividido a Academia e gerado uma onda de demissões na instituição, incluindo da diretora, Sara Danius.

Teoricamente, os membros da Academia Sueca não podem resignar aos seus cargos vitalícios. Contudo, podem deixar de participar nas atividades da instituição. A BBC relata que a situação interna se agravou de tal forma que a Academia não teve outra hipótese a não ser suspender a escolha de um Prémio Nobel da Literatura para este ano por causa da perda de confiança do público.

Em comunicado, a academia informou na altura que "precisa de tempo para recuperar a integridade, para envolver um maior número de membros ativos [na decisão] e para reconquistar a confiança no trabalho que faz". Por esse motivo, decidiu adiar o anúncio do vencedor do Nobel da Literatura para o próximo ano, a par do escritor ou escritora que os jurados decidirem galardoar em 2019.

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