Tempo
|
A+ / A-

Eutanásia. Eanes não quer Estado a legislar no "espaço privado"

26 mai, 2018 - 12:47

Em artigo de opinião no "Expresso", o antigo Presidente da República defende que legislar nesta área é "uma abusiva intromissão na sua esfera moral”.

A+ / A-

O ex-Presidente da República Ramalho Eanes escreve este sábado que é “inadmissível que haja um retrocesso relativamente à secularização emancipadora e que o Estado se intrometa no “espaço privado”, íntimo, do homem e sobre ele legisle”.

Eanes num artigo de opinião no “Expresso” dedicado à legalização da eutanásia afirma que tal tentativa de intromissão é uma perigosa regressão da cultura emancipadora do homem e “uma abusiva intromissão na sua esfera moral”.

“Nesse “espaço privado”, na moral, historicamente emancipada da vida política e da Igreja, ninguém, nenhum poder se deve intrometer", escreve António Ramalho Eanes.

"E é exatamente isso que a “vida política” está a fazer — a intrometer-se no “espaço privado”, da moral — ao pretender legislar sobre a eutanásia e a “morte assistida”, acrescenta.

O ex-presidente pergunta, "porque não legislar sobre o testamento vital, tornando-o obrigatório?"

E responde: "Todos os cidadãos deveriam decidir sobre se desejariam manter a vida, mesmo que só artificialmente suportada por equipamentos e/ou drogas, ou se pretenderiam, antes, que, em caso de nessa situação se encontrarem, os deixassem partir. Testamento vital, esse, que, com clara formulação, devidamente assinada, se poderia conter no cartão de cidadão."

Eanes diz que é aberrante que num suicídio “outrem pudesse participar”.

E entende que não é aceitável a participação legal de alguém naquilo que “moralmente”, participar não deveria.

E o ex-presidente deixa um apelo que ao invés de se liberalizar a morte se deveria ampliar e generalizar a qualidade dos cuidados paliativos.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anónimo
    27 mai, 2018 14:04
    Não sei se é da idade nem quero ofender ninguém, mas o senhor Eanes parece um bocado confuso.
  • João Lopes
    27 mai, 2018 Viseu 11:00
    A eutanásia e o suicídio assistido continua a ser homicídio mesmo que a vítima o peça, tal como a escravatura é sempre um crime, mesmo que uma pessoa quisesse ser escrava! Com a legalização da eutanásia e do suicídio assistido, o Estado declararia que a vida de pessoas doentes e em sofrimento não lhe interessa, e não as protege. A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. O parlamento, os tribunais, os hospitais, os médicos e enfermeiros, existem para defender a vida humana e não para matar nem serem cúmplices do crime de outros.
  • João Lopes
    27 mai, 2018 Viseu 10:57
    A eutanásia e o suicídio assistido continua a ser homicídio mesmo que a vítima o peça, tal como a escravatura é sempre um crime, mesmo que uma pessoa quisesse ser escrava! Com a legalização da eutanásia e do suicídio assistido, o Estado declararia que a vida de pessoas doentes e em sofrimento não lhe interessa, e não as protege. A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. O parlamento, os tribunais, os hospitais, os médicos e enfermeiros, existem para defender a vida humana e não para matar nem serem cúmplices do crime de outros.
  • 26 mai, 2018 palmela 13:05
    O general eanes tem razao! Se houver um suicidio e outra pessoa participar e considerada cumplice!

Destaques V+