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Hospital de Penafiel com 80 doentes isolados por bactéria multirresistente

16 mai, 2024 - 20:46 • Anabela Góis , João Pedro Quesado

A bactéria em causa é conhecida pela sigla EPC e é habitual em ambientes hospitalares. Os doentes colonizados têm maior risco de desenvolver infeção mas, habitualmente, isso só acontece numa pequena percentagem de casos, à volta de 5%.

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O Hospital de Penafiel tem cerca de 80 doentes em isolamento devido a uma contaminação por uma bactéria multirresistente. Segundo o infeciologista Rogério Ruas, apenas 4 ou 5 doentes estão, de facto, infetados e a ser tratados com antibióticos de última linha.

A bactéria em causa é conhecida pela sigla EPC e é habitual em ambientes hospitalares. Rogério Ruas explica à Renascença que houve um aumento de casos desde o início de 2024 "e agora, sobretudo no início de Maio, chegamos aos 80 doentes internados que estão colonizados pela bactéria", o que significa que "são portadores desta bactéria".

"É uma bactéria que se transmite pelo toque, pelo contato direto ou indireto, com outros doentes colonizados pela bactéria, portanto, é de muito fácil transmissão. Mas neste momento à volta de 4 ou 5 destes doentes terão, de facto, verdadeiras infeções que estão a ser tratadas com antibióticos", diz o infeciologista.

Os doentes colonizados têm maior risco de desenvolver infeção mas, habitualmente, isso só acontece numa pequena percentagem de casos, à volta de 5%

Porque é uma bactéria comum, o Hospital de Penafiel tem vários mecanismos implementados para identificar e isolar os doentes que estão colonizados por esta bactéria, de forma a evitar a sua disseminação.

“Aquilo que nós fazemos é rastrear os doentes que são internados no hospital e têm alguns fatores de risco. Por exemplo, se têm um internamento prévio ou se foram transferidos de outro hospital, esses doentes são rastreados e se estão positivos são logo corretamente alocados a uma ala de isolamento", detalha Rogério Ruas.

"Semanalmente também rastreamos todos os doentes que estão internados. Percebemos que os doentes têm risco de em algum ponto adquirir essa colonização e, portanto, vamos rastreando, sobretudo porque o nosso mecanismo de proteção maior é, de facto, a testagem e o isolamento rápido", disse.

"Sempre que temos também um aumento de casos em algumas enfermarias auditamos essas enfermarias, conversamos com a equipa para otimizarmos estratégias de controlo da disseminação da bactéria", afirma.

Confrontado com as críticas da Ordem dos Enfermeiros, que diz que a falta de profissionais, nomeadamente, no serviço de urgência, pode ter contribuído para o surto, Rogério Ruas diz que “a falta de recursos é um problema já crónico, portanto, não explicará esta subida dos casos".

"Nós temos uma pressão assistencial sobre o internamento, aqui em Penafiel, que já é conhecida. Aliás, é a pressão que existe sobre o SNS em geral. Estes doentes que estão colonizados, no fundo, o que nos obrigam a fazer é reorganizar a forma como nós alocamos estes doentes nas enfermarias”, esclareceu.

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