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Eutanásia

Ana Sofia Carvalho. “Estamos a começar a casa pelo telhado"

03 fev, 2018 - 17:03

A diretora do instituto de bioética da Universidade Católica deixa o seu ponto de vista e explica porque é contra a eutanásia.

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Eutanásia - Ana Sofia Carvalho, diretora do instituto de bioética da universidade católica, em entrevista à Renascença

A diretora do instituto de bioética da Universidade Católica, Ana Sofia Carvalho, considera, em declarações à Renascença, que "o grande debate deveria ser como conseguimos dar condições dignas para as pessoas passarem os seus últimos dias de vida e como podemos melhorar a dignidade das pessoas na morte".

“Não temos uma rede de cuidados paliativos que chegue a toda a população. Não obstante isso as pessoas têm de ser tratadas com dignidade nas últimas fases. O debate deveria ser nesse sentido e só após termos feitos todos os esforços para garantir que as pessoas morrem de forma digna, que têm cuidados domiciliários e o apoio que necessitam nesta fase da sua vida, então aí é que poderemos percecionar se verdadeiramente as pessoas perante essas circunstâncias ainda querem morrer. Estamos a começar a casa pelo telhado”, refere.

Ana Sofia Carvalho lembra que “é possível tratar a dor, há especialistas de dor, é possível controlar a dor, minimizar o sofrimento. São essas questões que não vejo respondidas”.

“Há duas áreas dos cuidados paliativos que devem estar presentes em todos os profissionais de saúde, que é exatamente tratar a dor e o sofrimento e comunicar com a pessoa e conseguir manter apoio psicológico com um doente que está em fase terminal da sua vida”, esclarece.

Esta especialista acrescenta que, “perante a inexistência de um sistema capaz de tratar as pessoas de forma digna em fim de vida, dar à pessoa como solução matar-se. Não é esse o país em que eu quero morrer”.

Ana Sofia Carvalho explica que ainda persiste uma confusão de conceitos na população. “Deixar morrer é uma obrigação de qualquer profissional de saúde e tem de ter a coragem moral de saber parar. Isso é uma questão ética de extrema importância. Outra coisa é a eutanásia. Uma pessoa que pede para ser morta e alguém, um médico ou não, executa um pedido dessa pessoa”.

Comentários
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  • fanã
    04 fev, 2018 aveiro 19:53
    Visivelmente esta Sra . Directora , entra em contradição nas evidencias as quais chega . Em conclusão quer morrer num País com meios dignos e humanos que não temos , mas esta toda constrangida com o direito de um ser em profundo sofrimento desejar ser adormecido definitivamente sem dor e sofrimento......destingi um certo contra-senso na analise deste tema por esta iminente profissional !

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