03 set, 2017 - 20:27 • Susana Madureira Martins
Com as negociações do Orçamento do Estado a decorrer, o PCP aproveitou a Festa do Avante para apresentar o caderno de encargos ao Governo e Jerónimo de Sousa avisou as bases que é preciso dar força eleitoral ao partido nas eleições autárquicas de 1 de Outubro para poder discutir medidas e ir além do programa do PS.
“Mais força à CDU para garantir uma política fiscal mais justa, desagravando os impostos sobre os trabalhadores de mais baixos rendimentos com a criação de mais escalões de IRS, a redução das taxas e, ao mesmo tempo, tributando devidamente os elevados rendimentos com a obrigatoriedade do englobamento dos lucros e dos dividendos do grande capital com a introdução do adicional á derrama por empresas com lucros acima dos 35 milhões de euros”, pediu Jerónimo de Sousa este domingo, no encerramento da festa comunista, que decorreu na Quinta da Atalaia, no Seixal.
Além das alterações no IRS, Jerónimo de Sousa apresentou mais exigências. Reafirmou que quer o aumento do salário mínimo para os 600 euros em Janeiro, um aumento mínimo de 10 euros para todas as pensões em 2018 e o fim das portagens nas ex-Scut. E, claro, sair do constrangimento que representa a União Europeia, apontando aqui baterias ao PS.
“O PS pode continuar a falar da compatibilidade do desenvolvimento do pais com tais imposições e constrangimentos, mas contrariamente ao que afirmam não há compatibilização possível entre uma política socialmente justa de real desenvolvimento do pais e as imposições e constrangimentos a que a União Europeia nos sujeita”, afirmou o líder comunista, que também considera que não há compatibilidade entre as necessidades do país e os interesses dos grandes grupos económicos.
O secretário-geral do PCP também apresentou as exigências em matéria laboral, nomeadamente a eliminação da caducidade dos contractos na contratação colectiva e a reintrodução do princípio do tratamento mais favorável.
Em matéria de incêndios – tema que passou pela generalidade dos discursos de rentrée política deste Verão – o líder comunista defendeu o controlo público do SIRESP (o serviço de comunicações de emergência), assim como dos meios aéreos de combate aos fogos. E avisou que o PCP não se vai esquecer do projecto de lei que foi aprovado na generalidade antes das férias parlamentares sobre medidas de apoio e de compensação às vítimas dos incêndios.
Já na parte final do seu discurso, Jerónimo de Sousa não falou do mais recente teste nuclear levado a cabo pela Coreia do Norte, mas avisou contra o “imperialismo” dos Estados Unidos da América, país que considera ser o verdadeiro responsáveis pela corrida ao armamento.