10 ago, 2017
O fim pacífico do regime de “apartheid” na África do Sul, no princípio dos anos 90 do séc. XX, foi uma feliz e inesperada surpresa. Uma vez que a minoria branca se recusava a abandonar esse regime de opressão sobre a maioria negra, e esta cada vez mais se mostrava incapaz de suportar a situação, a probabilidade de as coisas acabarem num banho de sangue era altíssima.
Mas a transição foi felizmente pacífica, graças à coragem do então presidente (branco) da África do Sul, Willy de Klerk (a minoria branca não queria acabar com o “apartheid”), e à figura extraordinária de Nelson Mandela. Um homem que passou 27 anos na prisão, por ser um activista anti-“apartheid”, mas que, uma vez libertado, apelou à paz e à reconciliação entre brancos e negros no seu país.
Mandela foi o primeiro Presidente negro da África do Sul. Infelizmente, os seus sucessores – Mbecki e depois Zuma – não honraram a herança de Nelson Mandela.
O ANC, o maior partido negro de onde têm saído os presidentes daquela república, deixou-se capturar pela corrupção.
Mbecki abandonou o cargo de Presidente em 2008, deixando-o vago. Contra Zuma, o actual Presidente, correm nos tribunais sul-africanos centenas de processos por corrupção.
No ano passado, Zuma foi obrigado pelo Tribunal Constitucional a devolver uma verba recebida do Estado e que ele aplicou em obras na sua residência privada.
Esta semana, o Parlamento rejeitou uma moção de censura a Zuma. Foi a sétima, mas a primeira a ter voto secreto.
Ora, o ANC, que dispõe de larga maioria parlamentar, viu agora 40 deputados seus votarem contra Zuma. Este termina o seu mandato em Dezembro próximo, mas nada garante que o seu sucessor se revele mais honesto e mais competente.
Entretanto, a criminalidade e a pobreza crescem numa África do Sul liberta do “apartheid”, mas não de outros males.