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Trabalhadores do comércio em greve por melhores salários

01 mai, 2024 - 09:11 • Redação com Lusa

Paralisação foi convocada por dois sindicados representativos do setor. Reivindicam o encerramento em todos os feriados nacionais, bem como ao domingo, e a partir das 22h00. Os trabalhadores exigem igualmente a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.

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Os trabalhadores do comércio estão esta quarta-feira em greve por melhores salários e pela valorização de carreiras, denunciando ritmos intensos e horários desregulados.

A paralisação foi convocada por dois sindicados representativos do setor, afetos à CGTP e UGT.

O CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CGTP) disse, em comunicado, que estes trabalhadores têm ritmos de trabalho "intensos e horários desregulados", operando até 18 horas diárias, sete dias por semana, incluindo feriados.

Para o sindicato, o comércio tem de fechar em todos os feriados nacionais, bem como ao domingo, e a partir das 22h00. Os trabalhadores exigem igualmente a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.

"Os salários e carreiras dos trabalhadores do comércio não podem continuar a perder poder de compra -- exigimos o fim da estagnação profissional, e a atualização salarial dos contratos coletivos de trabalho sem perda de direitos", vincou.

O Sindicato dos Trabalhadores do Setor dos Serviços (Sitese), que pertence à UGT, também convocou uma greve para hoje, que abrange os trabalhadores do comércio, escritórios e serviços, nomeadamente das empresas filiadas na Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

O setor exige o respeito pelo Dia Internacional do Trabalhador e contesta a precariedade de vínculos e horários. Os trabalhadores reclamam ainda aumentos salariais e o respeito pela negociação coletiva.

Sindicato assegura "excelentes adesões"

A greve está a registar "excelentes adesões", segundo fonte sindical, que aponta encerramentos parciais de lojas e totais de alguns serviços, sobretudo na grande distribuição alimentar.

"Ainda estamos a apurar a adesão, até porque a esmagadora maioria das lojas e das cadeias ainda nem sequer abriu. Mas, naquelas que tinham horário de abertura a partir das 8h00, verificamos enormes limitações", avançou Célia Lopes, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (Cesp), em declarações à agência Lusa.

"Há inúmeras limitações e os clientes devem contar com isso hoje", acrescentou. A reportagem da Renascença fez uma ronda por vários estabelecimentos na área da Grande Lisboa (Sintra, Amadora, Oeiras) e não encontrou quaisquer alterações aos serviços.

Segundo a dirigente sindical, "o dia de luta é de todos os trabalhadores do comércio, sendo que terá maior impacto nas cadeias da distribuição, nomeadamente da distribuição alimentar, que é aquela onde, neste momento, consegue ser já visível a greve, quer com encerramentos parciais de lojas, quer com encerramentos totais de alguns serviços de algumas cadeias".

Célia Lopes detalhou que, "por exemplo, na cadeia Auchan há já balcões encerrados em lojas do Algarve", sendo que, "no centro e no sul do país, as próprias gasolineiras dos Auchan estão fechadas".

"Na loja Lidl no Barreiro estamos a intervir porque abriu apenas com duas chefias, ou seja, não há as mínimas condições de segurança para que abra, porque o resto dos trabalhadores estão todos à porta da loja em piquete de greve", acrescentou, lamentando a "inércia das autoridades competentes na fiscalização sempre que o sindicato denuncia a prática reiterada do atropelo ao direito constitucional à greve".

Exigência de melhores salários

No topo das reivindicações dos trabalhadores do comércio e serviços estão os aumentos salariais, com a dirigente do Cesp a denunciar que, "nos últimos anos, tiveram uma desvalorização bastante significativa dos seus salários", assistindo-se a "uma total e completa desregulação e desvalorização das carreiras profissionais".

Assim, se "há 10/15 anos, em topo de carreira, qualquer trabalhador numa empresa de distribuição recebia perto de 200 euros acima do salário mínimo nacional, hoje estes mesmos trabalhadores recebem o salário mínimo", concretizou.

Adicionalmente, o sindicato denuncia "uma pressão enorme no sentido da desregulação dos horários de trabalho" no setor, "por força da imposição de regimes de banco de horas, em que os trabalhadores, que já têm horários completamente desregulados, passariam a saber apenas a hora de entrada, nunca sabendo a que horas saíam".

"Diariamente, nos locais de trabalho, são-nos relatadas situações de trabalhadores que não têm transportes públicos para irem para casa no final do dia. Há trabalhadores a gastarem dezenas, alguns até centenas de euros, todos os meses com Uber para se poderem deslocar ao final do dia para as suas casas", denunciou Célia Lopes.

"Temos um problema seríssimo no país com a falta de transportes públicos, temos horários totalmente desregulados, temos nas grandes cidades os centros comerciais a funcionar até à meia-noite e os trabalhadores com horários de trabalho até à 00:30/01:00", enfatizou.

Neste contexto, o sindicato reclama a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, o encerramento dos estabelecimentos comerciais aos domingos e feriados e a limitação dos períodos de funcionamento, para que estas unidades não possam estar abertas para além das 22:00.

Isto porque, sustenta, em causa estão "atividades que são essenciais", pelo que "não necessitem de períodos de funcionamento tão alargados".

[notícia atualizada às 11h02]

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