04 jan, 2017 - 11:50
Reabrem esta quarta-feira as suas portas os 20 tribunais encerrados em 2014, mas esta reabertura é vista pelo novo bastonário da Ordem dos Advogados como meramente simbólica.
“Não é ainda uma reabertura efectiva ou plena, mas terá que ter uma leitura simbólica”, dado que “alguns funcionarão mais numa espécie de secretaria”, afirma Guilherme Figueiredo na Renascença, esperando que estas funcionalidades venham a ser reforçadas.
O bastonário eleito salienta, por outro lado, a importância do principal objectivo da medida: “A questão da proximidade” que, segundo diz, faz parte das preocupações da senhora ministra para a organização judiciária.
Por isso, a reabertura destes tribunais é “um ponto de partida”, considera.
Ainda assim, Guilherme Figueiredo, convidado do programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, avança algumas preocupações, como a transição de alguns funcionários das autarquias para os tribunais.
“Uma pessoa que está na autarquia pode ainda não ter consciência do que é a obrigação de reserva e sigilo”, afirma.
“Justiça ainda não é um bem essencial”
Questionado sobre a demora na resolução dos grandes casos relacionados com crimes financeiros, que afectam tantos portugueses, o novo bastonário da Ordem dos Advogados responde com falta de meios.
“Muitas vezes existe uma deficiência de funcionários judiciais, uma deficiência no número de magistrados”, o que “não justifica tudo, mas justifica uma grande parte, além de haver poucas salas de audiência”, indica.
Guilherme Figueiredo lamenta que a o poder político ainda não olhe “para a justiça como um bem essencial”.
“Se formos ver a parte do Orçamento do Estado para a Justiça, continua a ser muito reduzida”, afirma, lamentando também o valor das custas judiciais em Portugal: “são impensáveis e afastam o cidadão da Justiça. Isso é muito grave”.
Um fórum para o consenso
Guilherme Figueiredo foi eleito a 6 de Dezembro e toma possa a 11 de Janeiro. Uma das medidas que pretende implementar é a criação de “um fórum institucional que discuta a Justiça e que possa ser o pressuposto objectivo para a criação de um pacto de Justiça”.
“Tem de haver um fórum institucional, na minha opinião, que agregue um conjunto de profissões, entidades e instituições para discutir no sentido de convergir. É um primeiro passo” para concretizar a ideia “de que o senhor Presidente da República já falou e de que eu falo desde 2008”, defende.
GUILHERME FIGUEIREDO, 60 ANOS
O novo bastonário da Ordem dos Advogados é natural do Porto e um homem da cultura.