Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

O novo entregador de pizzas é um drone com rodinhas

29 nov, 2016 - 22:07 • Elsa Rodrigues

Em entrevista à Renascença, o presidente da Just Eat explica que o futuro já chegou. As entregas feitas por robôs são uma realidade.

A+ / A-

Imagine que está em casa sem vontade de cozinhar e o que lhe apetece mesmo é encomendar o jantar. Continue a imaginar que pega no telemóvel para encomendar uma pizza e um quarto de hora de depois está a abrir a porta a um robô que levou a comida até si. Parece um sonho futurista? Pode deixar de dar asas à imaginação: já acontece num subúrbio de Londres. A parceria entre a aplicação Just Eat, que permite encomendar comida através da internet, e uma empresa que desenvolveu um drone, a Starship Technologies, permitiu tornar o sonho realidade.

Ao ouvir a palavra drones a maior parte das pessoas pensa em aparelhos com hélices que voam por cima das nossas cabeças. Mas os drones também podem andar pelo chão, como este robô desenhado para entregar comida, que parece uma mala térmica daquelas que levamos para a praia, equipada com rodas, câmaras de filmar e sensores. É um “robô muito giro”, eléctrico, com autonomia para percorrer distâncias abaixo dos 10 quilómetros.

Em entrevista à Renascença à margem da recente Web Summit Lisboa, David Buttress, presidente da Just Eat, explicou que o futuro já chegou. As entregas feitas por robôs são uma realidade e vão passar a fazer parte da nossa vida quotidiana.

Começaram com uma aplicação de telemóvel, que liga os restaurantes aos clientes. De onde surgiu a ideia de colocar robôs a tratar das entregas de comida?

Quando começamos com a Just Eat, queríamos ajudar a resolver um problema: cada vez mais os donos de restaurantes estavam a ver os seus clientes a comprar comida através da internet. E nós queríamos que esses restaurantes tivessem acesso aos seus clientes que querem comprar o jantar e a comida online. Daí aos robôs, foi uma extensão natural.

Foi extensão natural porque havia uma necessidade?

Sim. Porque o que acontece actualmente é que, todas as noites, as encomendas aumentam exponencialmente no espaço de duas a três horas. Nesse período de tempo há muito pouca oferta ao nível do serviço de entregas e excesso de procura. Se pensarmos neste problema simples, é preciso aumentar a capacidade das entregas. Com a introdução dos robôs neste mercado, pudemos oferecer aos donos dos restaurantes mais capacidade, nos momentos do dia com mais solicitações. A nossa empresa já tinha uma carteira de clientes e de restaurantes, ligados em rede. O passo seguinte foi estabelecer uma parceria com uma empresa chamada Starship Technologies, que desenvolveu o robô que utilizamos.

Como são os vossos robôs?

São robôs muito giros, que se deslocam pelo chão e têm rodas. Deslocam-se a uma velocidade entre os cinco e os oito quilómetros/hora. E fazem entregas em distâncias relativamente curtas, a cerca de um quilómetro do restaurante. Contas feitas, as entregas demoram cerca de 15 a 18 minutos, directamente do restaurante à porta de casa do cliente.

E como funcionam os robôs?

Trabalham com electricidade. Têm uma bateria, o que é obviamente melhor para o meio ambiente. E é também melhor em termos de sustentabilidade a longo prazo e da pegada de carbono. São robôs, drones eléctricos.

Quando é que a comida vai passar a chegar a nossas casas através desses robôs?

As primeiras entregas dos robôs já estão a acontecer em Londres, na zona de North Greenwich. E nesse subúrbio, já entregamos, pela primeira vez, o jantar a alguém de forma completamente automatizada, sem intervenção humana, utilizando um robô. O processo vai agora ser ampliado e estendido um pouco por toda a cidade de Londres e, eventualmente, a todo o Reino Unido. Isto é real. E nos próximos três, quatro ou cinco anos vai ganhar outra escala. Acreditamos que vai ser uma forma comum de entregar comida em casa das pessoas, todas as noites.

Os robôs circulam na via pública, numa cidade movimentada como Londres. Não precisam de autorização para isso?

O presidente da Câmara de Londres já nos deu autorização para podermos colocar robôs em todas as zonas de Londres, para além de Greenwich, a zona de teste. Vamos começar a expansão por Londres e, depois, as próximas cidades podem ser Bristol, Manchester ou Birmingham. Dependerá um pouco do sítio que for mais adequado, mas a expansão a outras cidades irá definitivamente acontecer.

Como é que as pessoas reagem quando um robô passa por elas, no passeio?

Estes robôs já percorreram certa de 400, 500 quilómetros a fazer entregas e ainda não foram vandalizados. Uma coisa que é realmente engraçada é a resposta humana aos robôs. É um pouco semelhante à forma como reagem a um cachorro ou um cão pequeno. Os humanos vêem o robô e dizem: “Uau, tão giro!”. As reacções humanas que temos visto, através das gravações vídeo que fazemos, é o mesmo tipo de reacção que têm quando vêem um cão pequeno. Quando vêem os robôs, acham giro e gostam deles.

Mas a circulação dos robôs na rua não implica ter seguros específicos?

Isso é uma parte normal deste tipo de negócio. À medida que a empresa for ganhando escala, precisa de ser uma empresa de capital aberto. A Just Eat é uma empresa de capital aberto ao público e está cotada na bolsa de Londres. Claro que temos que ter todos os seguros e protecções. Fazem parte do nosso plano de expansão.

Quando é que vamos ver robôs de entregas em Lisboa, por exemplo?

Boa questão. Provavelmente, mais cedo do que podemos pensar. Pode não ser para entregar de comida, mas as pessoas aqui em Lisboa vão passar a ver robôs de entregas, muito em breve, nos próximos cinco anos. É uma tecnologia que beneficia o ambiente e que pode ganhar outra escala. Como humanos, cada vez mais desejamos que as coisas nos sejam entregues em casa. E para suprimir este desejo, esta necessidade, esta é a melhor tecnologia para servir como solução.

Num futuro próximo, os robôs vão substituir os entregadores de pizza?

Definitivamente, não. Não será o fim dos entregadores de pizza. Por uma razão muito simples: os robôs vão ser necessários apenas para uma percentagem das entregas de comida e jantares todas as noites. Mas, para a maior grande parte das entregas, ainda será necessário um ser humano, de motorizada, especialmente, se for preciso fazer uma entrega a mais de um ou dois quilómetros. Vamos continuar a precisar sempre do famoso entregador de pizza.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • fanã
    01 dez, 2016 aveiro 19:05
    Mais um grande passo para a desumanização da raça dita "humana".
  • RB
    30 nov, 2016 LX 22:21
    Evolua um pouco... A mudança de entregadores de pizzas para robots destroi estes empregos mas cria outros. Se pensássemos todos assim ainda tínhamos coches e cocheiros. Além disso, já pensou no potencial aumento de segurança? Na quantidade de acidentes com motorizadas que ceifam tantas vidas e que poderão ser evitados?
  • Orabem!
    30 nov, 2016 dequalquerlado 16:51
    Ficam todos contentes com maquinas e robôs, mas não pensam no desemprego que criam. É assim mesmo,vão substituindo as máquinas pelas pessoas depois as pessoas vão dormir para debaixo da ponte e sem dinheiro para comer. Já agora podem também inventar robôs para satisfazer as necessidades sexuais das mulheres, quando os maridos não deram mais nenhuma para a caixa. Enfim, já há poucos empregos mas há que acabar com estes poucos e aumenta-lo cada vez mais. O homem deveria ser inteligente mas era para acabar com a pobreza, a miséria e a falta de dignidade a que estão sujeitos muitos seres humanos, mas não, inventam guerras e maquinas de matar, ele próprio torna-se na pior maquina que destrói o seu semelhante. Depois inventam máquinas de todas as formas para substituírem os seres humanos, mas não querem saber do desemprego e da fome a que muitos seres humanos poderão estar sujeitos. Inteligente o ser humano?! É o burro dos mais burros e o que tem a maior estupidez, alguns tem comportamentos que envergonha mesmo o ser humano

Destaques V+