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10% dos refugiados que Portugal acolheu já saíram do país

04 out, 2016 - 11:33 • Manuela Pires

É o que revela o ministro-adjunto em entrevista à Renascença. Portugal recebeu até agora perto de 600 dos 4.500 pessoas ao abrigo do programa de recolocação da UE.

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Um ano depois de a União Europeia ter aprovado o programa de recolocação de 160 mil refugiados, apenas 5.651 foram encaminhados para os Estados-membros. Portugal é um dos países que mais acolhe refugiados (perto de 600, até agora), mas 10% já abandonaram o país, revela à Renascença o ministro-adjunto, Eduardo Cabrita.

A UE vai conseguir cumprir os objectivos que estabeleceu para o seu programa de recolocação de refugiados?

O fundamental não é estabelecermos fasquias, é estabelecermos que o acolhimento é um desafio europeu. A posição de Portugal tem sido de participar activamente na promoção de uma resposta europeia a esta crise: assumimos o compromisso de receber perto de cinco mil pessoas no âmbito deste programa de recolocação, que teve vários problemas, mas tem tido uma evolução mais intensa desde Março, devido a uma significativa adesão ao registo na Grécia e ao fecho da rota dos Balcãs.

Portugal continua a ser o Estado-membro que recebe mais refugiados?

Temos oscilado entre o segundo e o quarto lugar, consoante a actualização da estatística europeia. Portugal, Holanda, França e Finlândia são dos que se destacam pela participação neste processo. Mas, desde Janeiro, o registo da entrada em Portugal aponta para mais de 1.100 refugiados, contando com a recolocação da União Europeia, o processo de reinstalação a partir da Grécia, os refugiados que recebemos no âmbito do programa do ACNUR e os pedidos espontâneos.

É feita alguma selecção nos campos de refugiados?

É proibido qualquer selecção. O que é possível é a divulgação da disponibilidade de Portugal, aumentando a informação sobre um país que, para quem vem da Síria, do Iraque ou da Eritreia, não é o país mais conhecido.

Como vai ser distribuído o “kit” do refugiado lançado recentemente pelo Governo?

Vai ser entregue aos que já cá estão, aumentando o conhecimento quer sobre os direitos (o acesso à educação, saúde, à habitação, ao apoio social), quer o conhecimento genérico sobre Portugal (cultura, informação turística). Mas este “kit” também vai ser distribuído a todos aqueles que na Grécia e em Itália estão sinalizados para viajarem para Portugal.

Polónia, Áustria e Hungria não receberam nenhum refugiado e a Eslovénia, que preside à UE, acolheu apenas um. É uma situação que ainda pode ser alterada?

Há situações distintas. No âmbito das chamadas entradas desorganizadas, espontâneas, do ano passado, houve três países que se destacaram pelo elevadíssimo número de refugiados que acolheram: em primeiro lugar, a Alemanha, mais de um milhão; depois, a Suécia, com 160 mil, e a Áustria, com 120 mil. Portugal entende que este deve ser um esforço de todos e a posição de alguns países representa a negação da Europa da liberdade e da solidariedade em que acreditamos.

As seis centenas de refugiados que Portugal acolheu ainda estão todos no país?

Alguns já saíram. Somos um país livre e estas pessoas não estão detidas. Os abandonos do programa têm uma dimensão inferior a 10%, o que não tem especial dramatismo. Há, aliás, quem saia e regresse, porque vai visitar familiares que estão noutros países, e há saídas sobretudo de jovens isolados. Já as famílias tendem a consolidar a sua estadia em Portugal.

A Câmara do Alvito acolheu três jovens sírios. Chegaram em Maio e só quatro meses depois foi transferido o dinheiro. Por que razão demorou tanto tempo?

O fundo europeu que financia estes processos de recolocação tem procedimentos que têm de ser melhorados. É por isso que tomámos uma decisão de aumentar de quatro mil para seis mil euros o apoio dado a menores. Temos vindo a criar condições para que esse fundo funcione com a maior celeridade e é verdade que houve alguns problemas iniciais, mas hoje todas essas situações estão regularizadas.

Existiu uma articulação com as autarquias para evitar concentrações. Nesta altura, elas ainda se disponibilizam para acolher refugiados?

Não queremos levar a uma concentração excessiva, que promova a criação de potenciais guetos ou situações de conflito. Com o aumento da eficácia, nomeadamente das autoridades gregas, estamos a prever nos próximos meses duplicar o número de refugiados [em Portugal] até ao final do ano. Fazemos um apelo a uma segunda vaga de disponibilidade.

Quais são os maiores problemas de integração?

Num primeiro plano, a língua, a aprendizagem do português para os adultos e integração no sistema educativo. Numa segunda fase, o reconhecimento das qualificações académicas e o acesso ao mercado de emprego. Num mundo ideal, o desejável seria que estas pessoas retornassem aos seus países de origem, mas, como a guerra não cessa, grande parte destas terá de encontrar em Portugal a base de uma nova vida.

Comentários
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  • Bela
    04 out, 2016 Coimbra 23:07
    A maior parte deles tem tanto de refugiados, como eu de chinesa. Como já alguém disse, são imigrantes à procura de viver sem trabalhar. Há pouco tempo li a história de um desses imigrantes, vindo da Eritreia que está em Portugal há 7 ou 8 anos, ele mal fala português e a mulher muito menos, nunca se esforçou por arranjar trabalho, mas soube queixar-se que não lhe deram as condições que supostamente lhe tinham prometido.
  • Paulo Lisboa
    04 out, 2016 Lisboa 22:21
    Pelos vistos eram efectivamente «refugiados»...:-(
  • Banzé
    04 out, 2016 Porto 22:02
    A maioria do migrantes que Portugal recebeu são Eritreus.... e a Guerra na Eritreia acabou em 2008. Não são refugiados. São migrantes económicos
  • Pinto
    04 out, 2016 Custoias 14:50
    Refugiados? Andam a brincar ou quê.....imigrantes clandestinos à procura de subsídios na UE. Porque essa gente não vão para países árabes ricos?
  • Pois é!
    04 out, 2016 do jardim das tabuletas 14:34
    Isto só prova que portugal nem para refugiados se presta. Por isso tenham calma que os refugiados não querem viver nesta miséria. Acredito que muita gente vive porque não tem outra solução. Este país não é para todos, só para políticos, jogadores de futebol, empresários, gestores e outros ricos, de resto nem se pode falar em aumentos, nem mesmo para os que não ganham para comer, vem logo os fascistas do tempo do fascismo todos irritados e cheios de solidariedade para a comissão europeia. Eles é que são os bons, não os trabalhadores e os reformados. Voltamos ao tempo do salazar, mas para muitos acéfalos isto é que é o normal e as pessoas têm de aceitar de sorriso aberto, como se elas tivessem culpa. Tomara que muitos destes perdessem o emprego e passassem a receber o rendimento minimo, para ver o sabor do caramelo. E mesmo assim ainda há isto, porque se não houvesse via-se muitos esqueletos andantes, aliás, já se vê. Sinal dos tempos e dos medíocres que nos puseram neste lameiro...
  • José Saraiva
    04 out, 2016 Viseu 12:33
    de acordo com relatos recolhidos junto aos 10% que já "fugiram de Portugal", os mesmos afirmam que após assistirem a CASA DOS SEGREDOS e a Teresa Guilherme e da mesma forma presenciarem os imensos MATAGAIS por limpar em Portugal, não tiveram outra alternativa senão abandonar Portugal.
  • Nn
    04 out, 2016 Gouveia 12:24
    O Cidadão comum pode questionar esses nossos governantes, se portugal é apenas uma escala para esses caras se dirigirem para outros destinos e com que intenção...
  • desatina carreira
    04 out, 2016 queluz 12:13
    muito pouco esperemos que atinga os 100 por cento
  • Eborense
    04 out, 2016 Évora 12:10
    Os refugiados piram-se, antes que o Sr. Costa lhes aplique algum imposto que eles não consigam pagar. Os outros 90% vão seguir o mesmo caminho.

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