A+ / A-

(1925-2023)

Morreu Jacques Delors, antigo presidente da Comissão Europeia

27 dez, 2023 - 17:01 • Diogo Camilo , Marta Pedreira Mixão

Político francês assistiu à entrada de Portugal na então CEE e à assinatura do Tratado de Maastricht, em 1992, que deu origem à União Europeia e à livre circulação de pessoas e bens no bloco europeu.

A+ / A-
Morreu Jacques Delors, arquiteto da União Europeia moderna
Morreu Jacques Delors, arquiteto da União Europeia moderna

O antigo presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, morreu esta quarta-feira aos 98 anos, avança a AFP. Delors liderou o órgão executivo da União Europeia (UE) durante um período fundamental para o desenvolvimento do projeto, durante o qual foi concretizado o Mercado Único e foram lançadas as bases para a introdução do euro em substituição das moedas nacionais.

"Jacques Delors morreu esta quarta-feira de manhã, na sua casa de Paris, durante o sono", informou a filha do político francês, que também foi ministro das Finanças de França, em nota à agência.

Nascido a 20 de julho de 1925, em Paris, Delors estudou Economia na Sorbonne e juntou-se ao Partido Socialista francês em 1974. Foi eleito deputado europeu em 1979 e presidiu a Comissão Económica e Monetária até 1981. Entre entre 1981 e 1984 passou a ministro das Finanças na presidência de François Mitterrand, tornando-se presidente da Comissão Europeia em janeiro de 1985, cargo que ocupou durante dez anos, até janeiro de 1995.

Delors esteve no cargo durante três mandatos - mais do que qualquer um na mesma posição - e assistiu à entrada de Portugal e Espanha na então Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, que passou a chamar-se União Europeia (UE) em 1993.

Os seus mandatos ficaram também marcados pela assinatura do Tratado de Maastricht, em 1992, que deu origem à UE, e pela criação do mercado único, em 1993, assegurando a livre circulação de pessoas, capitais, mercadorias e serviços na UE, bem como a criação das bases para a introdução do Euro para substituir as moedas nacionais, o que fez Delors ficar conhecido como o "pai do euro".

Antes de ocupar um cargo europeu, Delors trabalhou no Banco de França entre 1945 a 1962 e foi também membro do gabinete do primeiro-ministro Jacques Chaban-Delmas entre 1969 e 1972.

A sua filha, Martine Aubry, tornou-se na primeira mulher secretária-geral do Partido Socialista francês e ocupa agora o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lille.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, já prestou homenagem a Delors, numa publicação na rede social "X" (antigo Twitter).

“Um estadista com um destino francês. Arquiteto inesgotável da nossa Europa. Um lutador pela justiça humana. Jacques Delors foi tudo isto. O seu empenho, os seus ideais e a sua rectidão inspirar-nos-ão sempre. Saúdo a sua obra e a sua memória e partilho a dor da sua família”, escreveu.

Michel Barnier, o principal negociador da União Europeia durante o divórcio do Reino Unido da UE, disse que Delors tinha sido uma inspiração e uma razão para "acreditar numa 'certa ideia' da política, da França e da Europa".

Delors publicou também obras como "Les Indicateurs Sociaux" (1971), "Changer" (1975), "En sortir ou pas" (1985), "Le Nouveau Concert Européen" (1992), "L’Unité d’un Homme" (1994) e "Combats pour l’Europe" (1996).

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+