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E agora? Os passos do divórcio entre UE e Reino Unido

24 jun, 2016 - 10:15

Os britânicos decidiram sair da União Europeia. Saiba como vai ser o processo (inédito).

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O Tratado de Lisboa prevê um prazo de dois anos para a negociação da saída de um Estado-membro do bloco europeu, período que Reino Unido e União Europeia terão então para consumar o “divórcio” ditado pelos eleitores britânicos. Algo que nunca aconteceu na história da construção europeia.

Assinado na capital portuguesa a 13 de Dezembro de 2007 e em vigor desde 1 de Dezembro de 2009, o Tratado de Lisboa, que emendou o Tratado da União Europeia e o Tratado sobre o Funcionamento da UE, prevê pela primeira vez, de forma explícita, no artigo 50, a possibilidade de qualquer Estado sair da forma voluntária e unilateral da União.

Contra todas as expectativas de então, este artigo será activado menos de sete anos após a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, na sequência do resultado do referendo de quinta-feira no Reino Unido sobre a UE, que ditou a “saída”, o chamado “Brexit”, que deixará a União Europeia reduzida a 27 Estados-membros.

De acordo com o artigo 50, “um Estado-membro que decida retirar-se deverá notificar o Conselho Europeu” e será com base nas orientações do Conselho que a UE negoceia um acordo sobre os pormenores da saída e é definido o quadro das futuras relações desse Estado com a União.

O prazo previsto para a negociação de saída é de dois anos, “a menos que o Conselho Europeu, com o acordo do Estado-membro em causa, decida, por unanimidade, prorrogar esse período”.

O acordo é negociado e celebrado pelo Conselho em nome da União, através de maioria qualificada e após aprovação do Parlamento Europeu.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, já advertiu – ainda antes da consulta – de que um “divórcio” entre o Reino Unido e a UE será um processo moroso, estimando que poderia levar no total cerca de sete anos, entre o tempo necessário para romper os diferentes laços existentes (o tal prazo de dois anos previsto no Tratado de Lisboa) e aquele preciso para cada um dos restantes 27 Estados-membros, bem como o Parlamento Europeu, aprovarem o novo quadro de relações entre as partes.

Também o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu, antes do referendo, para a complexidade do processo que seria necessário para estabelecer um novo relacionamento entre o Reino Unido e a UE, sublinhando que o mesmo começaria da “estaca zero”.

Após os dois anos de negociações sobre as modalidades da saída, indicou, será necessário “negociar as relações entre o Reino Unido e a UE a partir do zero”, já que “tudo tem de ser revisto e renegociado” e não apenas internamente, mas também na perspectiva dos acordos vigentes entre o Reino Unido e o resto do mundo, “pois todos os acordos comerciais internacionais (pelo menos 52) foram concluídos em nome da Europa”.

Durante a campanha, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, alertara os eleitores britânicos de que, uma vez que invocado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, no cenário de uma vitória da “saída” ('Brexit'), como sucedeu, não havia “volta atrás”.

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da União Europeia, depois de o “Brexit” ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.

David Cameron anunciou já a intenção de se demitir em Outubro, na sequência deste resultado.

As principais bolsas europeias abriram esta sexta-feira em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%.

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  • Bela
    24 jun, 2016 Coimbra 18:46
    Os britânicos querem sair da União Europeia. Parece que anda tudo assustado! A União Europeia, é constituída por gente oportunista, que quer à força manter um bom estilo de vida à custa de sugar os países que 'lhes baixam as calças'. Fazem lembrar outros impérios que existiram, estava tudo bem desde que os senhores da metrópole pudessem ter boa vida.Esses impérios desmembraram-se e a vida continuou... Quando eles caíram, por acaso o mundo deixou de existir? Não! É bom que haja desagregação para que muita gente se habitue a trabalhar em vez de estar sempre de mão estendida.
  • João
    24 jun, 2016 Santos 17:34
    Divórcio entre DESunião Europeia e Reino DIVIDIDO!
  • jb
    24 jun, 2016 cbr 16:44
    Claro que esta ë uma oportunidade da chamada Uniao Europeia,(que na realidade ë uma desuniao),repensar o seu futuro! Ate hoje, sö serviu a CLASSE POLITICA de Bruxelas(C.E.) e Estrasburgo(P.E.), e, as MULTINACIONAIS! Ao povo europeu, sö lhes restou a perda de direitos, o DUMPING economico e social :"necessidade de sacrifícios" ,"submissão ao mercado","alta produtividade, à beira dos limites físicos e psíquicos", " as empresas não dão aumentos, mas garantem o emprego" "baixamos salarios ou deslocamos para Leste e Asia" ; foi esta a realidade da chamada integracao europeia !!! Claro que quem nasce tordo, tarde ou nunca se endireita! Se CEE ja nao era boa, a LOUCURA do Tratado de Maastricht (1992), MOEDA UNICA, aplicada a paises com com realidades economicas tao diferentes, sö podia conduzir a esta amalgama /confusao/ embrulhada ! Hoje chegamos a este referendo que dita o inicio da Desintegracao Europeia, havera outros... para alguns um pesadelo, para outros um alivio! Para bem de todos, a Inglaterra tb vai provar que se pode viver, sem estar dentro da ditadura da Uniao Europeia. A Grecia ousou, mas nao conseguiu, estava devastada / pilhada pela Europa rica, e, abdicou / capitulou, foi obrigada a ajoelhar-se! Sö nos resta esperar por novos capitulos dos paises do sul, e, estar atentos a radicalismos nacionalistas!
  • MARTIN
    24 jun, 2016 chaves 16:24
    As consequências serão imprevisíveis em grande parte. Não sei quem perderá mais, se a UE ou o UK, depende da forma como a UE vai reagir. A Inglaterra quis sair, mas a escócia e irlanda do norte querem ficar, e Na escócia já se fala em novo referendo à independência. Ja agora a UE pode não ser perfeita, pois são 27 países diferentes em muitos aspetos, mas vejo aqui muita gente a falar mal sem grande razão, talvez devessem ir viver noutras zonas do mundo, tipo áfrica, médio oriente, américa latina etc durante uns tempos para darem valor ao que tem.
  • briolex
    24 jun, 2016 lisboa 16:03
    Pois bem, vamos a isso e vejamos as vantagens dos brexit's...A moeda continua a ser a Libra que embora desvalorizada face ao Euro, os acordos de livre circulação de mercadorias continuam, pois passam a pertencer à EFTA e como tal, a beneficiar de vantagens de livre comercio idênticas ás que tinham. Também ter em conta a livre circulação de pessoas dentro do espaço Schengen, que se mantem. Ponderando tudo isto , o que ganham? Ganham não estarem subordinados aos princípios de um acordo que eles próprios ajudaram a criar.
  • jvbs
    24 jun, 2016 braga 14:42
    Esperem lá! Há aqui qualquer coisa que não bate certo, então o Cameron é que quis fazer o referendo e agora demite-se!?. Assim é fácil fazer referendos, agora quem quiser que apanhe com as balas, então não devia ser ele agora a arcar com as consequências da suposta asneira que ele próprio fez? Aqui há qualquer coisa estranha nesta trapalhada toda em que se tornou a politica e os políticos que nos governam, ou nisto que chamam União europeia!!!
  • Commonwealth
    24 jun, 2016 Europa Atlântica 14:30
    Vamos aderir à Commonwealth, com base na Velha Aliança, e servir de intermediários entre a Grã-Bretanha e a Europa.
  • Pinto
    24 jun, 2016 Custoias 13:53
    Para terem independência e deixarem de ser mandados pela Alemanha, foi positivo saírem da UE. A crise dos refugiados, crise económica, estar dependente de ordens de Bruxelas, foi meio caminho andado. Países pequenos como Portugal, entraram para a UE para estarem dependentes dos outros, todos sabemos que perdemos a soberania, depois de 25 de Abril de 74, perdemos tudo e só sobreviveríamos com ajudas e estas foram a perda do nosso património, sim, que é que Portugal tem que seja dos portugueses? Pelo contrário temos dívidas que são impagáveis e cada Português deve muito dinheiro, mesmo sem ser responsável. Os cidadãos ganharam alguma coisa com esta UE? Não, esta UE foi feita com intenções imperialistas e dirigida ao grandes grupos financeiros.
  • Professor Martelo
    24 jun, 2016 Amaraleja 13:29
    Para isto entrar nos eixos só falta a alemanha sair (ou ser expulsa) do euro!!!
  • Professor Martelo
    24 jun, 2016 Amaraleja 13:27
    Estava-se mesmo a ver. só mesmo paraq uqem não conhce os ingleses e a história. se não fosse a resistência do povo inglês os americanos não teriam chegado a tempo e todos falariamos alemão. é uma derrota da fraude negra americana, do nazismo da loura e do parelítico alemão, do tolo francês. é uma derrota da banca e das grandes empresas. é uma derrota da indecência do oportunismo do aporoveitamento sem escrúpulos por parte dos apiontes a permanência do assassinato de uma deputada. a chantagem e a ameaça quer moral quer económica têm limites!

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